No segundo dia do Next Frontiers to Cure Cancer, o Dr. Rodrigo Gomes Taboada, oncologista clínico do A.C.Camargo Cancer Center, abordou as atualizações no diagnóstico dos tumores neuroendócrinos em sua aula.
O especialista explicou que os tumores neuroendócrinos são raros. “Embora rara, essa incidência está aumentando nos últimos 30 anos. Provavelmente devido ao refinamento dos métodos de imagem, maior uso desses métodos para rastreamento de outras condições e maior conhecimento da comunidade clínica e patológica”.
O aumento de incidência ocorre a todos os sítios primários, mas principalmente nos pulmões, intestino delgado, pâncreas e estômago. Considerando todas as neoplasias malignas do trato gastrointestinal, os tumores neuroendócrinos representam cerca de 1,5%.
Tumores neuroendócrinos: heterogeneidade e classificação
Dr. Rodrigo explica que os tumores neuroendócrinos formam um grupo de neoplasias tão heterogêneo que sua imprevisibilidade torna o manejo desafiador. O diagnóstico é fundamentalmente patológico e depende da morfologia e de marcadores de imuno-histoquímica de diferenciação neuroendócrina.
“Os marcadores imuno-histoquímicos são fundamentais para o diagnóstico, mas também podem ser úteis para a diferenciação de neoplasias de alto grau, que são divididas em tumores neuroendócrinos de grau 3 e carcinomas neuroendócrinos”, comenta Dr. Rodrigo. Ele também reforça a importância de saber que pode haver a mesma multiplicidade de marcadores positivos em distintos sítios.
Em um grupo de neoplasias tão heterogêneo é natural que existam diversas classificações, a maioria delas com aplicações prognósticas ou terapêuticas. Podem ser diferenciadas pela localização do sítio primário e a presença de síndromes funcionantes ou associadas à predisposição hereditária ao câncer.
Os médicos que tratam os pacientes com tumores neuroendócrinos precisam ficar sempre atentos e suspeitar de heterogeneidade tumoral, tanto no diagnóstico quanto durante o curso da doença. Pode ser útil combinar métodos de imagens funcionais se a doença está demonstrando um curso mais agressivo. Até mesmo repetir uma biópsia pode ser necessário em alguns casos.
Dr. Rodrigo comenta que é preciso individualizar o tratamento, avaliar a carga de sintomas, a carga tumoral, a ressecabilidade, se é predominantemente metastática para o fígado, a taxa de progressão e a performance do paciente, que são características extremamente subjetivas. Tudo isso é essencial, assim como a análise desse paciente e definição de conduta em uma reunião multidisciplinar.
“A área multidisciplinar reduz o atraso do diagnóstico, dos tratamentos, facilita a continuidade do cuidado, personaliza o tratamento do paciente e é uma possibilidade de educação e pesquisa para a Instituição”, finaliza.