Por Celso Abdon Lopes de Mello, oncologista clínico do A.C.Camargo Cancer Center
O tratamento do câncer de reto localizado tem passado por transformações nos últimos anos.
Classicamente, os pacientes são tratados com quimiorradioterapia seguida de cirurgia e depois mais quimioterapia.
Para melhorar os resultados, está se avaliando postergar a cirurgia para o final. Esta estratégia leva o nome de TNT (terapia total neoadjuvante).
Já empregamos esta abordagem em nossos protocolos no A.C.Camargo para alguns pacientes.
O estudo PRODIGE23 avaliou a estratégia de TNT com um esquema de quimioterapia inicial mais intenso do que o que se emprega hoje.
Foram analisados 461 pacientes com tumor de reto localmente avançado que receberam 6 ciclos de FOLFIRINOX, seguidos de quimiorradioterapia com Capecitabina durante a radioterapia e depois a cirurgia. Os pacientes completavam mais 3 meses de quimioterapia adjuvante com FOLFOX.
O que se observou foi que, em comparação com o tratamento "padrão", o FOLFIRINOX teve mais efeitos colaterais, mas controláveis, e apresentou maior chance de atingir resposta patológica completa (27% x 12%) – ou seja, o tumor desaparecer por completo –, e aumentou a sobrevida livre de recidiva em 7%, aproximadamente.
Não foram apresentados ainda dados sobre o impacto na sobrevida global.
Foi feita uma análise de qualidade de vida, que, aparentemente, não foi inferior com o esquema mais intenso.
Esta alternativa de terapia vem na linha de aumentar a eficácia do tratamento do tumor de reto para se evitar cirurgias mutiladoras com colostomia definitiva.
Antes de virar um padrão, precisamos aguardar outros estudos que talvez mostrem a mesma eficácia, mas com menos efeitos colaterais.
Saiba mais: