Mieloma múltiplo

O mieloma múltiplo é o câncer de um tipo de células da medula óssea chamadas de plasmócitos, responsáveis pela produção de anticorpos que combatem vírus e bactérias. No mieloma múltiplo, os plasmócitos são anormais e se multiplicam rapidamente, comprometendo a produção das outras células do sangue. É um câncer mais comum em homens e pessoas acima dos 65 anos.

Câncer mama avançado/metastático - estudo: C4891001 (VERITAC-2)

O estudo C4891001 (VERITAC-2) é um estudo de fase 3, multicêntrico, randomizado, aberto, de ARV-471 (PF-07850327) versus fulvestranto em participantes com câncer de mama avançado com receptor de estrogênio positivo e HER-2 negativo cuja doença progrediu após tratamento endócrino anterior para doença avançada.

Tratamento

Ilustração do tipo de randomização do tratamento

População

Pacientes com câncer de mama avançado HR positivo e HER2 negativo, previamente tratados com um inibidor de CDK4/6 (Abemacicllibe, Ribociclibe ou Palbociclibe) em combinação com terapia endócrina.

Objetivo

 O objetivo deste estudo é aprender sobre a segurança e os efeitos do medicamento de estudo ARV-471 em comparação com Fulvestranto em participantes com câncer de mama avançado. O câncer de mama avançado é difícil de curar ou controlar com tratamento. O câncer pode ter se espalhado de onde começou inicialmente para tecidos próximos, linfonodos ou partes distantes do corpo, como ossos, pulmões, cérebro ou fígado. Fulvestranto é um medicamento já usado para o tratamento do câncer de mama, enquanto ARV-471 é um medicamento novo.

 

Publicação autorizada pelo CEP FAP - A.C.Camargo Cancer Center em 11 de maio de 2022.

Mieloma Múltiplo reicidivado e refratário - estudo: PERSEI

O estudo Persei é um estudo clínico de fase2 de PHE885, com células CAR-T dirigidas ao antígeno de maturação de células B (BCMA) em adultos com mieloma múltiplo recidivante e refratário.

Tratamento

Ilustração do tipo de randomização do tratamento

População

Pacientes com mieloma múltiplo recidivante e refratário.

Objetivo

Este é um estudo de fase II para determinar a eficácia e segurança do PHE885, uma terapia com células CAR-T direcionadas para BCMA, fabricada com um novo processo de manufatura. Esta terapia com células CAR-T está sendo investigada como agente único em pacientes com mieloma múltiplo recidivante e refratário. 

 

Publicação autorizada pelo CEP FAP - A.C.Camargo Cancer Center em 11 de maio de 2022.

Mieloma múltiplo refratário ou reicidivado - estudo: MajesTEC-9

O estudo MajesTEC-9 é um estudo de fase 3, randomizado, comparando a monoterapia com teclistamabe versus pomalidomida, bortezomibe, dexametasona (PVD) ou carfilzomibe, dexametasona (KD) em participantes da pesquisa com mieloma múltiplo recidivado ou refratário que tenham recebido 1 a 3 linhas prévias de terapia, incluindo um anticorpo monoclonal Anti-cd38 e lenalidomida

Tratamento

Ilustração do tratamento do estudo

População

Pacientes com Mieloma Múltiplo refratário ou reicidivado que receberam pelo menos 1 tratamento anterior contra o Mieloma com anticorpo monoclonal anti-CD38 (Daratumumabe ou Isatuximabe) e Lenalidomida e apresentaram progressão da doença durante ou após o último curso de tratamento.

Objetivo

Avaliar a sobrevida livre de progressão, eficácia e segurança de Teclistamabe versus tratamento do braço controle do estudo.   

 

Publicação autorizada pelo CEP FAP - A.C.Camargo Cancer Center em 11 de maio de 2022.

Mieloma múltiplo refratário ou reicidivado - estudo: MonumenTAL-3

O estudo MonumenTAL-3 é um estudo de fase 3 randomizado para comparar Talquetamabe SC em combinação com Daratumumabe SC e Pomalidomida (TAL-DP) ou Talquetamabe SC em combinação com Daratumumabe SC (TAL-D) versus Daratumumabe SC, Pomalidomida e Dexametasona (DPD) em participantes da pesquisa com mieloma múltiplo recidivado ou refratário que receberam pelo menos uma linha prévia de tratamento.

Tratamento

Ilustração do tratamento do estudo

População

Pacientes com mieloma múltiplo refratário ou reicidivado que receberam pelo menos uma linha anterior de terapia antimieloma com Lenalidomida e inibidor de proteassoma (Ixazomibe, Carfilzomibe ou Bortezomibe) e apresentam progressão da doença durante ou após seu último regime antimieloma.

Objetivo

Avaliar a eficácia de Talquetamabe SC em combinação com Daratumumabe e ou Pomalidomida para pacientes refratários ou que progrediram ao tratamento anterior para mieloma múltiplo.

 

Publicação autorizada pelo CEP FAP - A.C.Camargo Cancer Center em 11 de maio de 2022.

Mieloma múltiplo refratário ou reicidivado - estudo: CA057-008

O estudo CA057-008 é um estudo de fase 3, dois estágios, randomizado, multicêntrico, em caráter aberto comparando CC-92480 (BMS-986348), Carfilzomibe e Dexametasona (480kd) versus Carfilzomibe e Dexametasona (KD) em participantes com mieloma múltiplo recidivado ou refratário (MMRR).

Tratamento

Ilustração do tratamento do estudo

População

Pacientes com Mieloma Múltiplo refratário ou reicidivado que receberam pelo menos 1 linha anterior de terapia antimieloma com lenalidomida e anticorpo monoclonal anti-CD38 (Daratumumabe ou Isatuximabe) e apresentam progressão da doença durante ou após seu último regime antimieloma.

Objetivo

Avaliar a eficácia, tolerabilidade e segurança de 480Kd (CC-92480, Carfilzomibe e Dexametasona) em comparação com Kd (Carfilzomibe e Dexametasona).

 

Publicação autorizada pelo CEP FAP - A.C.Camargo Cancer Center em 11 de maio de 2022.

Leucemia, linfoma e mieloma: atenção aos sinais e sintomas

Linha Fina

Fazer o diagnóstico precoce de um câncer hematológico é fundamental para o sucesso do tratamento

Leucemia, linfoma e mieloma são tumores hematológicos que merecem total atenção.

Sim, a pandemia de Covid-19 permanece em curso, mas o câncer não espera. Por isso, o A.C.Camargo Cancer Center conta com um Atendimento Oncológico Protegido, para que seus pacientes possam vir à Instituição para fazer consultas, exames e outros procedimentos com total segurança. 

Algo muito importante. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a estimativa é que 5.920 homens tenham sido diagnosticados com leucemia em 2020. Ao considerarmos as mulheres, o câncer hematológico mais recorrente foi o linfoma não Hodgkin, com 5.450 novos casos.

Assim, é vital que as pessoas se atentem a sinais e sintomas e, ao notá-los, procurem ajuda médica.

Para isso, veja a seguir os sinais e sintomas dos tumores hematológicos e aprenda a detectar os indícios.


Leucemia

•    Febre inexplicável
•    Sensação de fraqueza e fadiga persistente
•    Perda de apetite
•    Perda de peso inexplicável
•    Sangramentos e hematomas que aparecem com facilidade e sangramentos nasais
•    Dificuldade para respirar
•    Petéquias, pequenos pontos vermelhos que aparecem na pele por causa de sangramentos
•    Anemia
•    Suores noturnos
•    Inchaço dos gânglios linfáticos
•    Dor nos ossos ou nas juntas
•    Infecções recorrentes
•    No caso da Leucemia Linfocítica Aguda (LLA), os sintomas podem incluir o aparecimento de nódulos indolores sob a pele na virilha, nas axilas ou no pescoço e/ou dor na região abaixo das costelas


Linfomas 

Linfoma Hodgkin

•    Dor nos gânglios inflamados
•    Suores noturnos intensos, com ou sem febre
•    Febre ou calafrios à noite ou mesmo durante o dia
•    Perda de apetite
•    Perda de peso inexplicável
•    Fadiga ou perda de energia
•    Pele seca e com coceira
•    Erupção cutânea avermelhada, disseminada pelo corpo
•    Tosse e dificuldade para respirar ou desconforto no peito, causados por um gânglio linfático grandemente aumentado nessa região
•    Aumento do fígado ou do baço


Linfoma não Hodgkin

Os sintomas dos linfomas não Hodgkin variam de pessoa para pessoa, mas costumam apresentar:

•    Inchaço indolor dos gânglios linfáticos da virilha, axilas e pescoço
•    Suores noturnos intensos, com ou sem febre
•    Febre
•    Erupção cutânea avermelhada, disseminada pelo corpo
•    Náusea, vômitos ou dor abdominal
•    Perda de peso inexplicável
•    Cansaço
•    Coceira
•    Tosse ou dificuldade para respirar
•    Dor de cabeça e dificuldade de concentração

As formas mais agressivas dos linfomas não Hodgkin podem ter estes e outros sintomas, que incluem:

•    Dor no pescoço, nos braços ou no abdome
•    Dificuldade para respirar
•    Fraqueza nos braços e/ou nas pernas
•    Confusão mental


Mieloma múltiplo

O mieloma múltiplo é o câncer de um tipo de células da medula óssea chamadas de plasmócitos, responsáveis pela produção de anticorpos que combatem vírus e bactérias.

No mieloma múltiplo, os plasmócitos são anormais e se multiplicam rapidamente, comprometendo a produção das outras células do sangue. 

Por isso, os pacientes podem ter anemia e ficam sujeitos a infecções. 

Os plasmócitos cancerosos também produzem uma proteína anormal, chamada de proteína monoclonal, que se acumula no sangue e na urina. As células doentes também podem afetar os ossos, causando dores e fraturas espontâneas.

 

“A imunoterapia está mudando o tratamento do câncer e o futuro parece bem iluminado”

Linha Fina

Entenda mais sobre este tipo de tratamento e sobre as CAR-T Cells com o Doutor David Maloney, norte-americano da Universidade de Washington e do Fred Hutchinson Cancer Research Center

As CAR-T Cells – em português, células CAR-T – são uma modalidade de imunoterapia que promete revolucionar o tratamento do câncer, sobretudo tumores hematológicos.

Trata-se de terapias personalizadas que agem em alvos específicos, usando células do paciente e não medicamentos sintéticos. 

Nela, as células de defesa do organismo são extraídas do paciente e moldadas em laboratório para combaterem seu próprio tumor. Depois, são infundidas de volta no paciente. Ou seja, elas atuam reprogramando as próprias células do paciente contra a doença.

Essa modalidade de tratamento imunoterápico foi discutida não apenas em painéis do Next Frontiers to Cure Cancer, congresso internacional organizado pelo A.C.Camargo: foi o assunto da aula magna Terapias com células CAR-T na prática clínica, dada pelo Doutor David Maloney, norte-americano da Universidade de Washington e do Fred Hutchinson Cancer Research Center.


CAR-T Cells e imunoterapia: futuro promissor

“A imunoterapia está mudando o tratamento do câncer e o futuro parece bem iluminado”, comemora o Doutor David Maloney, sem se esquecer que ainda há desafios importantes, principalmente em relação às CAR-T Cells.

“Há vários estudos em andamento nos quais estamos discutindo o poder das CAR-T Cells para acabar com as células cancerígenas, mas é difícil, precisamos compreender melhor como os receptores funcionam e cuidar da questão da toxicidade”, acrescenta o médico.

O Doutor David Maloney explicou que os estudos demonstram que há melhores respostas em leucemias, linfomas e mieloma múltiplo, mas ainda é preciso avançar, por exemplo, em compreensão para tumores sólidos e de pulmão.

Doutor David, cabelo e cavanhaque brancos, fala de imunoterapia
"
Para avançarmos para este futuro iluminado, há estudos em andamento que discutem o poder das CAR-T Cells para acabar com as células cancerígenas, mas precisamos compreender melhor como os receptores funcionam e cuidar da questão da toxicidade.
Doutor David Maloney, da Universidade de Washington e do Fred Hutchinson Cancer Research Center

Mieloma múltiplo - estudo: CARTITUDE

O estudo CARTITUDE é um estudo de fase 3, randomizado comparando Bortezomibe, Lenalidomida e Dexametasona (VRd) seguidos por Ciltacabtagene Autoleucel, uma terapia de células T com receptor de antígeno quimérico (CAR-T) direcionado ao BCMA versus Bortezomibe, Lenalidomida e Dexametasona (VRd) seguidos por terapia com Lenalidomida e Dexametasona (Rd) em participantes da pesquisa com mieloma múltiplo recém-diagnosticado e para os quais o transplante de células-tronco hematopoéticas não está planejado como terapia inicial.

Critérios para a participação

  • ≥18 anos de idade e Diagnóstico de MM de acordo com critérios de diagnóstico do IMWG;
  • Sem tratamento anterior para Mieloma Múltiplo;
  • Sem Infecção viral ou bacteriana ativa que requer tratamento ou infecção fúngica sistêmica não controlada;
  • Sem histórico de doença de Parkinson ou outra doença neurodegenerativa;
  • Uma mulher com potencial para engravidar (WOCBP) deve ter 2 testes séricos ou de urina altamente sensíveis (gonadotrofina coriônica humana beta) negativos.

Tratamento

Ilustração de fluxograma do tratamento

Critérios de exclusão

  • Soropositivo - HIV
  • Infecção por Hetatite B
  • Infecção por Hetatite C

 

Objetivo

Comparar a eficácia das medicações padrões seguida por uma única administração de cilta-cel versus tratamento padrão.

 

Publicação autorizada pelo CEP FAP - A.C.Camargo Cancer Center em 11 de maio de 2022.

Dengue em pacientes com câncer: um manual de prevenção

Linha Fina

Quais tipos de tumores exigem mais cuidados? Como evitar a contaminação? Quem pode tomar a vacina? Regras para utilizar o repelente? Como saber se tenho dengue? Descubra tudo a seguir 

A dengue em pacientes com câncer é uma questão que pede a atenção de todos, ainda mais para tumores hematológicos (leucemias, linfomas e mieloma múltiplo) e no fígado.

Há um perigo sobretudo se a dengue atingir sua forma mais grave, a hemorrágica. 

É que a dengue hemorrágica diminui as plaquetas de forma que o sangue passa a ter dificuldade de coagulação, então a doença causa muitos sangramentos – e risco de vida. 


Perigo para tumores hematológicos e no fígado 

No caso dos pacientes com um câncer hematológico ou hepático com alteração de função no fígado, já existe algum tipo de distúrbio de baixa de plaquetas ou anemia, por causa da doença crônica.

E a dengue pode agravar tudo isso, além de causar eventos hemorrágicos graves.

A dengue também pode acometer as células do fígado e provocar lesões hepáticas, algo mais perigoso para quem tem um câncer de fígado e uma disfunção do órgão do que para a população comum.


Dengue em pacientes com câncer: como prevenir

Primeiramente, sabendo que você vive em uma área endêmica, que abriga o Aedes aegypit, mosquito que espalha a dengue pela picada e que já se disseminou pelas regiões urbanas, redobre os cuidados para não favorecer sua multiplicação.

Como se defender: 

  • Não permitia água parada nos vasos de planta, pneus, no quintal e na piscina, por exemplo;
  • Use repelente: existem alguns comprovadamente eficazes contra o mosquito, compostos por ao menos 20% de icaridina;
  • O Aedes aegypit costuma circular mais durante o final da tarde, período do dia em que o paciente oncológico não pode se esquecer de repassar o repelente.

 

Como utilizar o repelente 

Os repelentes com icaridina são recomendados por comprovação de eficácia e proteção, porém, se o produto não for tolerado, também podem ser aplicados na pele aqueles à base de DEET, IR3535 e óleo de citronela.

Já os repelentes com vitamina B e óleo de alho não se mostraram eficazes para insetos e devem ser evitados.

Regras para a aplicação do repelente:

  • Durante o tratamento oncológico, a pele tende a ficar mais ressecada e o uso diário de hidratante é muito importante, pois ajuda no restauro da pele, evita pequenas fissuras e mantém o manto lipídico, evitando que o repelente cause irritações;
  • Cuidado para não passar o repelente na região dos olhos, mucosas e áreas com feridas;
  • O repelente deve ser aplicado sobre a roupa e não na pele que será coberta. Exemplo: se for colocar uma calça, vista essa peça de roupa e somente depois aplique o repelente sobre a calça. Nas áreas que não serão cobertas pelas roupas, basta aplicar o repelente sobre a pele descoberta;
  • O aparecimento de uma alergia causada pelo uso de repelente é raro, mas pode acontecer. Ao sinal de prurido (coceira) e urticária (placas vermelhas pelo corpo), suspenda o uso do repelente e fale com o seu médico. 

 

Vacina para a dengue? Quem pode tomar?

Para começar, saiba que só uma pessoa que já teve dengue pode tomar a vacina contra a dengue, seja ela paciente oncológico ou não. 
A vacina da dengue contém o vírus vivo atenuado, então ela é contraindicada para pessoas com qualquer tipo de imunossupressão, caso dos pacientes oncológicos com doença ativa – por exemplo, em tratamento de quimioterapia ou radioterapia.

Essas pessoas só podem tomar a vacina contra a dengue em pelo menos seis meses após o tratamento de controle do câncer. 

Se esse é o seu caso, ainda assim, não deixe de consultar seu médico antes de tomar a vacina.


Como saber se tenho dengue?

Um dos sinais mais comuns é a febre, acompanhada de dores de cabeça, no corpo e nas articulações.

A dor de cabeça costuma aparecer na região atrás dos olhos, mas pode ocorrer de outras maneiras, a depender do paciente. O surgimento de lesões avermelhadas na pele com descamação residual pode acontecer em alguns casos.

Não há como prevenir ou tratar as manifestações cutâneas, que tendem a regredir com a resolução da doença.

Também podem haver manifestações hemorrágicas discretas como pontos avermelhados, sangramento nasal e gengival. Se isso acontecer, vá ao serviço médico para uma reavaliação.


Fontes: Doutora Anna Claudia Turdo, infectologista do A.C.Camargo + Doutor Marco Antonio de Oliveira, dermatologista do A.C.Camargo
 

Car-T Cells: ANVISA aprova terapia para tratamento de mieloma múltiplo

Linha Fina

Nova modalidade de imunoterapia, que modifica geneticamente os linfócitos contra o tumor, será disponibilizada no A.C.Camargo Cancer Center

Car-T Cells: a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) anuncia a aprovação da primeira terapia à base de células Car-T para tratar o mieloma múltiplo, tipo de câncer que atinge a medula óssea.

Mais recorrente em pessoas com idade superior a 60 anos, seus sinais podem ser confundidos com questões inerentes ao envelhecimento, retardando o diagnóstico.

“No mieloma múltiplo, os plasmócitos são anormais e se multiplicam rapidamente, comprometendo a produção das outras células do sangue”, explica Dr. Jayr Schmidt Filho, Líder do Centro de Referência de Neoplasias Hematológicas do A.C.Camargo Cancer Center.

Atualmente, os meios de prevenção do mieloma múltiplo ainda não são conhecidos, bem como suas causas. Contudo, sabe-se que, além da idade, histórico familiar, exposição à radiação e a produtos químicos, como amianto e pesticidas, também são fatores de risco.

O diagnóstico é feito pelo hematologista ou oncologista, por meio de testes clínicos, sanguíneos, de urina e biópsia da medula. Exames de imagem, como tomografia e ressonância magnética, são usados para identificar se o câncer compromete outras regiões do corpo. Estima-se que cerca de 95% dos casos são diagnosticados em fases avançadas da doença. Nesse quadro avançado, a taxa de sobrevida de cinco anos é de 51%, enquanto esse percentual pode chegar a 74% quando identificado em estágio inicial.

A terapia por Car-T Cells é uma modalidade da imunoterapia que lança mão de células geneticamente modificadas e reprogramadas em laboratório para destruir os tumores. “Esta aprovação, que ainda depende de trâmites burocráticos para ser disponibilizada para os pacientes, pode significar a cura para pacientes que já tinham esgotado as possibilidades terapêuticas”, aponta o especialista.

A aprovação pela ANVISA é uma parte do processo de disponibilização do medicamento no país, que ainda será precificado pela CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) do Governo Federal – órgão interministerial responsável pela regulação econômica do mercado de medicamentos no Brasil.


Como a terapia é realizada

A terapia por Car-T Cells é feita a partir da coleta de células T do sistema imunológico, os linfócitos, que são modificadas geneticamente e programadas para reconhecer e combater o tumor.

Há muita ciência por trás do desenho da molécula CAR. “Podemos dizer que as Car-T Cells são um grande feito da biotecnologia aplicada ao tratamento do câncer”, explica.


Como atuam as Car-T Cells

A primeira etapa é colher células do sistema imunológico a partir da centrifugação do sangue dos pacientes a serem tratados, procedimento conhecido como leucaférese, parecido com uma hemodiálise.

Em seguida, o especialista isola um tipo de leucócito (célula de defesa) conhecido como linfócito T, um dos principais responsáveis pela defesa do organismo. Esse linfócito consegue reconhecer antígenos existentes na superfície celular de agentes externos ou internos infecciosos e de tumores para combater tais invasores.

O próximo passo é enviar o material coletado a um laboratório que fará a manufatura dessas células, que consiste na modificação genética delas para programar os linfócitos para destruir o tumor.

Isso é feito com auxílio de um vetor viral, um vírus que tem o material genético alterado em laboratório para reconhecer e combater o tumor. Esse vetor entra no linfócito T, modifica o DNA dele e faz com que aquela célula expresse um receptor que reconheça o antígeno da doença e a ataque.

“A modificação faz os linfócitos T atacarem as células tumorais. Antes de introduzir a célula, é feita uma quimioterapia no paciente a fim de imunossuprimi-lo para que o sistema imune não combata as células”, explicou o Dr. Jayr Schmidt.

Dentro de sete dias após a infusão das Car-T Cells, pode haver uma reação inflamatória, sinal de que os linfócitos modificados estão se reproduzindo dentro do organismo e induzindo a liberação de substâncias para eliminar o tumor.

Nesse momento, além de febre, pode haver queda importante da pressão arterial e eventual necessidade de internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Apenas quatro instituições foram credenciadas para oferecer esse tratamento de alta complexidade no país, e o A.C.Camargo é o único cancer center que poderá ministrar a terapia, que deve chegar aos pacientes no segundo semestre de 2022.