Tecnologia permite a construção de tecidos que reduzem rejeições e de modelos in vitro para testes de drogas imunossupressoras
Células carregadas em matrizes poliméricas, as chamadas biotintas, são impressas posicionadas hierarquicamente, camada a camada, de maneira programada. Nascem assim, por meio da tecnologia de bioimpressão 3D, tecidos humanos funcionais e modelos in vitro tridimensionais.
A bioimpressão surge como uma das mais revolucionárias tecnologias capazes de mudar os rumos do diagnóstico e tratamento de inúmeras doenças.
No campo da medicina regenerativa, abre-se um mundo de inovação que traz mais tecnologia para médicos e profissionais da saúde e esperança para pacientes. De acordo com a palestrante Ana Luíza Millás, da startup 3D Biotechnology Solutions, “a tecnologia de bioimpressão permite utilizar diferentes tipos celulares e materiais poliméricos naturais e/ou sintéticos, que, combinados ou não com as células do próprio paciente, permitem o desenvolvimento de tecidos com menor chance de rejeição e a produção de modelos para o teste de medicamentos imunossupressores”.
A fabricação dos objetos vivos é uma atividade multidisciplinar e interdisciplinar, pois exige o envolvimento de várias áreas de conhecimento. Os protótipos nascem de uma imagem médica de tomografia computadorizada ou de ressonância magnética, ou, então, de um desenho CAD - Computer Aided Design. Por meio de biotintas carregadas com células vivas e biomoléculas, vai nascendo o tecido. As biotintas são o equivalente às tintas em uma impressora normal. Porém, nesse caso, os cartuchos são recheados de proteínas, células e componentes biológicos que permitem a construção do tecido.
Na Oncologia, a bioimpressão vem ampliar os horizontes da oncologia personalizada por meio da impressão simultânea de células tumorais e de células saudáveis do paciente para reconstrução de estruturas 3D, simulando o microambiente tumoral. Podem ser usadas para avaliar a eficácia de tratamentos fora do corpo do paciente. É possível avaliá-las em laboratório, testar um imunossupressor, garantindo assim uma melhor eficácia do tratamento.
Vale destacar que essas iniciativas ainda estão restritas à pesquisa, mas a possibilidade de vários grupos de estudos estarem trabalhando com o mesmo tema em diversos locais no Brasil e no mundo gera uma quantidade enorme de informação qualificada que permitira grandes avanços na Medicina.
Acredita-se, ainda, que entre cinco e dez anos será possível produzir tecidos impressos com características específicas, passando por tecidos ósseos, de cartilagem, de pele e até enxertos e outros órgãos.