A terapia adjuvante e outros aspectos terapêuticos do raro colangiocarcinoma
O colangiocarcinoma é um tipo de câncer de vias biliares, cujas células epiteliais mutantes são oriundas dos dutos que drenam a bile do fígado para o intestino delgado. Mais um assunto destacado neste sábado (18/5) , terceiro e último dia do Next Frontiers to Cure Cancer, um dos maiores congressos oncológicos da América Latina, ocorrido no WTC Center, em São Paulo.
Um dos destaques foi o painel Colangiocarcinoma – Avanços e Desafios no Tratamento Cirúrgico, apresentado por Ailton Sepulveda, cirurgião titular do Hospital Beaujon, em Paris, que atua na cirurgia hepática laparoscópica, em transplante de fígado e em cirurgias minimamente invasivas.
Ele ressaltou a importância de uma investigação minuciosa antes da cirurgia e o uso de exames de maior precisão como a angiotomografia, para identificar o possível envolvimento de vasos que nutrem o fígado, assim como linfonodos comprometidos pelo tumor que costumam estar presentes em metade dos casos.
"Havia um paciente de 60 anos, com icterícia, perda de peso e parênquima hepático. Ver sua angiotomografia foi fundamental para avaliar se havia invasão vascular", explica Sepulveda. "Passado um ano, não houve recidiva", comemora o médico brasileiro, radicado na França há mais de 10 anos.
Cirurgia minimamente invasiva e radioembizações
Assunto constantemente discutido, a robótica ainda é incipiente em casos de colangiocarcinoma. "Talvez ela venha a ajudar na reconstrução biliar, mas ainda carece de estudos", comenta Ailton Sepulveda.
De acordo com o especialista, um caso de uma paciente de 74 anos com ressecção hepática teve grande sucesso com as chamadas radioembizações para diminuir reduzir o tumor antes da cirurgia. "Depois de duas delas, a lesão ficou quase totalmente inativa, uma resposta impressionante", celebra Sepulveda.
Adjuvante x neoadjuvante
A terapia adjuvante, tratamento em que a radioterapia e/ou quimioterapia são associadas, seguida pela cirurgia, também foi assunto. "É um tema controverso, pois os estudos não comprovaram benefícios em pacientes com linfonodos, mas talvez eles ainda possam se beneficiar", comenta o médico.
Já a terapia neoadjuvante, usada para diminuir o volume do tumor com a meta de deixar a cirurgia menos mutiladora, pode ter sua função em casos selecionados. "Ela permite selecionar melhor o paciente com o colangiocarcinoma localmente avançado, a fim de evitar a posterior recidividade", encerra Ailton Sepulveda.