Pesquisa veiculada na Annals of Surgical Oncology mostrou que essa terapia tende a aumentar a chance de cura e sobrevida
A quimioterapia perioperatória, juntamente com a cirurgia, está estabelecida como tratamento padrão para pacientes com câncer gastroesofágico avançado. Mas o impacto que uma cirurgia radical causa nos indivíduos ainda carece de uma avaliação mais aprofundada.
Com o objetivo de identificar fatores prognósticos associados à melhora da sobrevida, a revista científica Annals of Surgical Oncology divulgou uma pesquisa realizada por cientistas do A.C.Camargo, Impact of ypT, ypN, and Adjuvant Therapy on Survival in Gastric Cancer Patients Treated with Perioperative Chemotherapy and Radical Surgery (Impacto do ypT, ypN e da Terapia Adjuvante na Sobrevida em Pacientes com Câncer Gástrico Tratados com Quimioterapia Perioperatória e Cirurgia Radical).
As métricas
Esse estudo de coorte retrospectivo incluiu 239 pacientes tratados no A.C.Camargo entre 2006 e 2016. A média de idade foi de 59,9 anos. Todos se submeteram à quimioterapia perioperatória, terapia em que metade dos ciclos ocorre antes da cirurgia, e a outra metade dos ciclos é ministrada depois.
“Nossos dados apontam que o tratamento com quimioterapia perioperatória, particularmente para os pacientes que alcançam uma resposta patológica significativa, está associado à maior chance de cura e sobrevida no longo prazo”, explica um dos autores do estudo, Victor Hugo Fonseca de Jesus, vice head de tumores abdominais do A.C.Camargo. “Introduzida há pouco mais de 10 anos na Instituição, a quimioterapia perioperatória, hoje, é rotina no nosso serviço”, acrescenta.
A cirurgia, no caso, foi a linfadenectomia D2, tratamento padrão no Cancer Center. Neste tipo de operação são removidos todos os linfonodos que circundam o órgão e/ou lesão, bem como os que acompanham as artérias mais próximas que irrigam o órgão.
Resultados
Entre os 239 pacientes que iniciaram a quimioterapia, 207 (86,6%) completaram todos os ciclos de tratamento. Já a ressecção cirúrgica foi realizada em 225 indivíduos (94,1%) – destes, 198 (82,8%) tiveram ressecção R0. “A ressecção R0 é a meta da cirurgia, é aquela onde não há tumor microscopicamente visível na margem da peça cirúrgica”, ensina o Dr. Victor Hugo.
A taxa geral de morbidade e mortalidade em 60 dias foi de 35,6% e 4,4%, respectivamente. Para toda a coorte, a sobrevida média foi de 78 meses e a taxa de sobrevida em cinco anos foi de 55,3%. Os fatores associados à pior sobrevida foram: resposta patológica sub-ótima do tumor (estágio ypT3-4 ou, estágio ypN +), não realização de quimioterapia pós-operatória e ressecção estendida.
“Ressecção estendida é uma cirurgia na qual, além da retirada do estômago, há a retirada de gânglios mais distantes em relação ao tumor, a chamada linfadenectomia D3; ou mesmo de outros órgãos, um processo conhecido como ressecção multivisceral”, conta Victor Hugo.
Conclusão
A quimioterapia perioperatória garantiu bons resultados para pacientes tratados com a cirurgia radical. Para conferir o estudo completo (em inglês), clique aqui.
Há ainda outro paper sobre quimioterapia perioperatória feito pelo Dr. Victor Hugo: Primary Tumor Location Is a Predictor of Poor Prognosis in Patients with Locally Advanced Esophagogastric Cancer Treated with Perioperative Chemotherapy (A Localização do Tumor Primário é um Preditor de Prognóstico Ruim em Pacientes com Câncer Esofagogástrico Avançado Localmente Tratado com Quimioterapia Perioperatória).
Saiba mais aqui (em inglês).