Pesquisa avalia quais pacientes de câncer de colo do útero podem se beneficiar de cirurgia menos radical
Pesquisa avalia quais pacientes de câncer de colo do útero podem se beneficiar de cirurgia menos radical
Estudo liderado pelo nosso Diretor do Departamento de Ginecologia, Dr. Glauco Baiocchi Neto, foi escolhido como editorial principal da edição da Gynecologic Oncology, o primeiro do gênero realizado em país em desenvolvimento.
O objetivo era identificar quais pacientes com câncer de colo de útero poderiam dispensar a parametrectomia, ou seja, a retirada do paramétrio, o tecido que sustenta o útero na bacia.
O tratamento-padrão hoje envolve a histerectomia radical, a retirada do útero, do colo do útero, da parte superior da vagina, dos linfonodos, inclusive para análise, e do paramétrio, que fica ao lado do colo do útero, explica Dr. Glauco.
De acordo com ele, a remoção do paramétrio, o primeiro tecido para onde o câncer pode se infiltrar, é feita para ter uma margem de segurança. Trabalhos recentes, porém, têm questionado o uso desse método em pacientes com câncer inicial. A cirurgia tem consequências para a qualidade de vida. O ureter, que conecta os rins à bexiga, passa por ali e precisa ser separado para remoção do paramétrio. A área também contém nervos que vão para a bexiga e o reto, o que pode causar retenção de urina ou urgência para urinar, além de perda de lubrificação vaginal e alterações no funcionamento do intestino, diz o especialista. Segundo ele, as opções são ou uma cirurgia preservadora de nervos ou não remover o paramétrio.
O estudo envolveu 345 pacientes, operadas entre janeiro de 1990 e outubro de 2016, e mostrou que as mulheres com tumores de até 2 cm, sem comprometimento dos gânglios linfáticos e sem invasão vascular linfática, uma característica determinada por análise microscópica, têm risco praticamente zero de comprometimento do paramétrio pelo tumor.
Isso representa quase 30% das mulheres pesquisadas e significa, no futuro, uma cirurgia bem mais simples e mais qualidade de vida, afirma o Dr. Glauco.
De acordo com o oncologista, ainda é muito cedo para oferecer às pacientes essa opção, mas o editorial da Gynecologic Oncology afirma que há vários estudos em andamento e que é apenas uma questão de tempo para que se tenha um novo paradigma no tratamento cirúrgico do câncer de colo de útero em estágios iniciais.
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