Estudo com mais de 5 mil mulheres tratadas no A.C.Camargo revela sobrevida duplicada em casos de câncer de mama

 
Publicado em: 10/05/2019 - 15:05:59

Em pacientes com metástase, o índice de longevidade saltou de 20,7% para 40,8% entre 2000 e 2012; e, em estágio inicial, alcançou 98,7%

As mulheres que recebem um cuidado multidisciplinar no Centro de Referência em Tumores de Mama do A.C.Camargo estão superando a doença em todos os estágios. Esta é a principal conclusão do estudo feito por médicos e pesquisadores do cancer center, que analisaram os dados de 5095 mulheres tratadas na instituição entre 2000 e 2012. 

Os avanços são ainda mais relevantes quando se considera as estatísticas da doença. O levantamento Globocan 2018, da Organização Mundial de Saúde (OMS), aponta que o câncer de mama, o mais comum entre os tumores femininos, impacta 2,1 milhões de mulheres a cada ano no mundo. No Brasil, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), também é o câncer mais comum entre elas, com cerca de 60 mil casos/ano.

Taxa de sobrevida em dobro

Publicado na revista Mastology, da Sociedade Brasileira de Mastologia, o estudo epidemiológico Breast Cancer Survival in a South American Cancer Center – a Cohort Study of 5095 Patients (Sobrevivência ao Câncer de Mama em um Cancer Center Sul-Americano – um Estudo de Corte de 5095 Pacientes) teve o objetivo de relacionar o estágio clínico das mulheres à sobrevida delas no período de cinco anos após o tratamento. 

A pesquisa revela que, entre as pacientes com metástases, a taxa de sobrevida (cinco anos) saltou de 20,7% no ano 2000 para os atuais 40,8%. Para casos de tumores detectados precocemente, os índices chegam a 98,7%. Ao considerar a média de todos os estágios (sobrevida global), os números subiram de 83% para 90% no período estudado.

“O diferencial está em pensar na pessoa com doença mais avançada não como uma paciente em estágio terminal, mas como uma mulher que pode se beneficiar de um tratamento personalizado, oferecido por uma equipe capacitada e multiprofissional”, explica a head do Departamento de Mastologia do A.C.Camargo, Fabiana Makdissi, uma das autoras do estudo. 

De acordo com a coordenadora do trabalho, a epidemiologista Maria Paula Curado, vale ressaltar que os números trazidos no estudo são uma realidade de um cancer center, não do Brasil como um todo. “É uma estrutura que possibilita a mais alta precisão diagnóstica e oferece cuidado integrado e multidisciplinar às pacientes, com um tratamento personalizado que leva em conta as suas características clínicas individuais e o perfil biológico do tumor”, afirma médica, responsável Departamento de Epidemiologia do A.C.Camargo.

Os índices alcançados no A.C.Camargo são de excelência em âmbito mundial. “É possível comparar os números de nossa instituição com os dados oficiais do Ministério da Saúde dos Estados Unidos, que traz a mesma sobrevida entre as norte-americanas em estágio inicial: 98,7%”, acrescenta Fabiana Makdissi.

Ganho em todos os estágios 

As informações das 5095 pacientes foram divididas por períodos de início do tratamento (2000-2004, 2005-2009 e 2010-2012) e por fases de descoberta da doença (estágios 1 ao 4). As pacientes diagnosticadas no estágio 0 (que são os tumores chamados de ductal in situ – iniciais e potencialmente não agressivos) não entraram no cálculo de sobrevida. Para todas as fases da doença houve evolução das taxas de sobrevida do primeiro ao terceiro período, como na tabela:

Infográfico câncer de mama 5 mil mulheres

Mamografia: definitiva

Outro importante dado apresentado no estudo se refere ao impacto do rastreamento de câncer de mama por mamografia a partir dos 40 anos. “Quatro entre dez pacientes que fizeram a mamografia anual foram beneficiadas pela possibilidade de descobrir a doença em fase mais precoce do que seria se elas esperassem completar a quinta década de vida”, ressalta Fabiana Makdissi.

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