Terapia alvo é utilizada em cerca de 40% dos casos, mas o tumor pode desenvolver resistência com o passar do tempo
O carcinoma colorretal é o segundo tipo de câncer mais frequente no Brasil, tanto para homens quanto mulheres. Está associado a sedentarismo, consumo de tabaco, obesidade, assim como alimentação pobre em fibras.
Pacientes diagnosticados com câncer colorretal iniciam tratamento oncológico, muitas vezes, com medicamentos que inibem a proteína EGFR, presente na maioria desse tipo de tumor. Este tipo de tratamento medicamento é chamado de terapia alvo-específica.
Realizada com dois anticorpos monoclonais (cetuximabe e panitumumabe) em combinação com a quimioterapia convencional, essa terapia possui alta taxa de resposta tumoral e aumento da sobrevida nos pacientes com metástases.
O tratamento faz parte do "arsenal" terapêutico de cerca de 40% dos pacientes que apresentam câncer colorretal metastático. Porém, essa terapia não funciona nos casos em que há presença da mutação em outros genes, como K-ras, N-ras, entre outros que ainda estão sendo estudados.
A partir disso, a pesquisa Is there a role for rechallenge and reintroduction of anti-EGFR plus chemotherapy in later lines of therapy for metastatic colorectal carcinoma? A retrospective analysis (Existe um padrão para reintrodução de anti-EGFR e quimioterapia em linhas tardias de terapia para carcinoma colorretal metastático? Uma análise retrospectiva, em tradução literal) mostrou que os pacientes cujo tumor progride inicialmente à terapia com anti-EGFR parecem não se beneficiar de uma possível reintrodução da medicação no futuro.
Reações diferentes
"Aqueles que interromperam a terapia por algum motivo (cirurgia da metástase, toxicidade cutânea, opção individual, entre outros), sem ter desenvolvido resistência comprovada, parecem ser os que mais se beneficiam de reintroduzir a medicação no futuro", explica o médico oncologista Celso Mello, que faz parte do Centro de Referência em Tumores Colorretais do A.C.Camargo Cancer Center.
O especialista explica que os estudos ainda estão evoluindo em uma estratégia para selecionar o melhor paciente para essas terapia-alvos, como a anti-EGFR.
"Uma estratégia que está sendo estudada é analisar a presença de DNA tumoral ou células tumorais no sangue do paciente (biópsia líquida) para selecionar o melhor paciente para reexposição a esse tratamento", conta o doutor.
Com o desenvolvimento de novas terapias, conhecimento da biologia do tumor e o emprego de cirurgia para tratamento de metástases, pacientes diagnosticados com câncer colorretal apresentam uma sobrevida muito mais longa, se comparada com anos atrás.
"Neste sentido, explorar outras formas de tratamentos ou linhas de terapia para pacientes com carcinoma colorretal é fundamental para aumentar a sobrevida e reduzir os efeitos colaterais. Estamos focados na preservação da qualidade de vida com tratamentos mais eficazes e menos tóxicos", diz o Dr. Celso.
Sobre o carcinoma colorretal
O carcinoma colorretal é o segundo tipo de câncer mais frequente no Brasil, tanto para homens quanto mulheres. Está associado a sedentarismo, consumo de tabaco e outras drogas, assim como alimentação pobre em fibras.
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