ESMO Virtual Congress 2020: veja as principais novidades do congresso europeu de oncologia
ESMO Virtual Congress 2020: veja as principais novidades do congresso europeu de oncologia
Conheça 14 estudos de destaque pelo olhar do Dr. Daniel Garcia, Oncologista Clínico do A.C.Camargo Cancer Center
Conheça 14 estudos de destaque pelo olhar do Dr. Daniel Garcia, Oncologista Clínico do A.C.Camargo Cancer Center
Este ano, por conta da pandemia por Covid-19, o congresso europeu de oncologia da ESMO (European Society for Medical Oncology), um dos mais importantes do mundo, foi totalmente virtual e transmitido ao vivo entre os dias 19 e 21 de setembro de 2020.
Além de ser mais seguro para todos, o acesso remoto aos congressos médicos tem se mostrado mais cômodo e, provavelmente, o formato é responsável por um aumento recente no número de participantes, haja vista o recorde de telespectadores no congresso americano da ASCO, que ocorreu em maio deste ano e também foi transmitido ao vivo pela internet.
De fato, o modelo virtual dos eventos em oncologia vem poupando milhares de profissionais da saúde do encargo de viajar incontáveis distâncias, durante horas, até o local dos eventos que, frequentemente, ocorrem na América do Norte, na Europa e na Ásia.
Todos os anos, temos muitas novidades na área de oncologia, e desta vez não foi diferente. Preparei abaixo um breve resumo sobre os estudos mais importantes apresentados na ESMO Virtual Congress 2020:
Tumores urológicos
CheckMate-9ER
Para o carcinoma de células renais avançado, os resultados do estudo de fase 3 CheckMate-9ER mostraram que a combinação de nivolumabe e cabozantinibe dobrou a sobrevida livre de progressão de 8,3 para 16,6 meses e as taxas de resposta objetiva de 27,1 para 57,7%.
Também reduziu o risco de morte em 40%, em comparação com sunitinibe, em pacientes que não haviam recebido tratamento prévio.
PROfound
O olaparibe induziu uma maior sobrevida global (SG), em comparação com a enzalutamida ou abiraterona mais prednisona, em homens com câncer de próstata metastático resistente à castração cuja doença havia progredido durante o tratamento anterior com um agente hormonal de nova geração.
O estudo de fase 3 teve dois braços: a coorte A (n = 245) consistiu em pacientes com pelo menos uma alteração em BRCA1, BRCA2 ou ATM, enquanto a coorte B (n = 142) consistiu em pacientes com pelo menos uma alteração em qualquer um dos outros 12 genes pré-especificados.
A SG mediana foi superior com olaparibe em comparação com a terapia de controle na coorte A (19,1 meses vs. 14,7 meses) e na coorte B (14,1 meses vs. 11,5 meses).
DANUBE
Os dados do estudo de fase 3 DANUBE foram apresentados após um acompanhamento mediano de 41 meses. O estudo avaliou durvalumabe com ou sem tremelimumabe, versus quimioterapia à base de platina, como tratamento de primeira linha para carcinoma urotelial metastático.
Nem a monoterapia com durvalumabe ou o tratamento combinado com durvalumabe mais tremelimumabe alcançaram os desfechos co-primários de sobrevida global versus quimioterapia para o tratamento de câncer urotelial metastático.
No entanto, análises secundárias sugeriram que o tremelimumabe reforçou a atividade antitumoral do durvalumabe, particularmente em pacientes cujos tumores tinham alta expressão de PD-L1.
Tumores de mama
ASCENT
O tratamento com sacituzumab govitecan levou a uma redução de 59% no risco de progressão da doença ou morte em comparação com mono quimioterapia, em pacientes com câncer de mama triplo-negativo metastático previamente tratado, de acordo com os resultados do ensaio de fase 3 ASCENT.
Esses resultados mostraram que a sobrevida livre de progressão mediana foi de 5,6 meses no braço sacituzumab govitecan, em comparação com 1,7 mês com o tratamento padrão.
O sacituzumab govitecan também quase dobrou a sobrevida global mediana, atingindo 12,1 meses em comparação com 6,7 meses para quem utilizou sacituzumab govitecan e quimioterapia, respectivamente, uma melhora que foi determinada como estatisticamente significativa.
IMpassion031
A adição de atezolizumabe ao tratamento neoadjuvante de nab-paclitaxel seguido por doxorrubicina mais ciclofosfamida melhorou significativamente as respostas patológicas completas (pCR) em pacientes com câncer de mama triplo-negativo em estágio 2 ou 3, em comparação com placebo mais quimioterapia, de acordo com dados do ensaio clínico de fase 3 IMpassion031.
Pacientes que receberam atezolizumabe e quimioterapia neoadjuvante alcançaram uma taxa de pCR de 57,6%, em comparação com 41,1% no grupo que recebeu placebo mais regime de quimioterapia. Dados de sobrevida livre de doença e sobrevida global ainda são imaturos.
monarchE
A adição de abemaciclibe à terapia endócrina adjuvante levou a uma redução significativa no risco de doença invasiva versus terapia endócrina isolada em pacientes com câncer de mama inicial de alto risco, receptor hormonal positivo e HER2-negativo, de acordo com os resultados do ensaio de fase 3 monarchE.
Nesta população de pacientes, o abemaciclibe reduziu o risco de doença invasiva em 25,3% em comparação com a terapia endócrina isolada.
Além disso, as taxas de sobrevida livre de doença invasiva em 2 anos foram de 92,2% no braço de abemaciclibe versus 88,7% no braço de terapia endócrina isolada, refletindo uma melhora absoluta de 3,5%.
IPATunity
Os achados do estudo de fase 3 IPATunity mostraram que a combinação de ipatasertibe mais paclitaxel não melhorou a eficácia em pacientes com câncer de mama avançado positivo para receptor hormonal e com alteração de PIK3CA / AKT1 / PTEN.
No entanto, o acompanhamento para a sobrevida global está em andamento.
Tumores do aparelho digestivo alto
KEYNOTE-590
O pembrolizumabe associado à quimioterapia melhorou significativamente a sobrevida global (SG), sobrevida livre de progressão (SLP) e taxas de resposta (TR), em comparação com a quimioterapia isolada em pacientes com câncer de esôfago/junção gastroesofágica metastático ou localmente avançado irressecável, de acordo com os resultados do ensaio de fase 3 KEYNOTE-590.
Os resultados mostraram que a SG mediana foi de 12,4 meses em pacientes que receberam o regime de quimioimunoterapia versus 9,8 meses para aqueles que receberam apenas quimioterapia.
Além disso, a SG em 12 meses com pembrolizumabe mais quimioterapia foi de 51% versus 39% com quimioterapia sozinha; aos 24 meses, essas taxas eram de 28% contra 16%, respectivamente. A mediana de SLP de acordo com os critérios RECIST v1.1 foi de 6,3 meses com pembrolizumabe mais quimioterapia versus 5,8 meses com quimioterapia sozinha.
Aos 12 meses, a SLP nos braços de investigação e controle foram de 25% versus 12%, respectivamente; as taxas de 18 meses foram de 16% contra 6%, respectivamente. A TR foi de 45,0% no braço da combinação de pembrolizumabe versus 29,3% no braço de quimioterapia.
CheckMate 649
Estudo de fase 3 em pacientes com câncer avançado irressecável ou metastático do estômago, junção gastroesofágica ou adenocarcinoma esofágico mostrou que o tratamento de primeira linha com nivolumabe mais quimioterapia proporciona sobrevida global (SG) e sobrevida livre de progressão superiores quando comparado ao tratamento apenas com quimioterapia.
A SG mediana para nivolumabe mais quimioterapia foi de 14,4 meses em comparação com 11,1 meses para quimioterapia isolada entre os pacientes PD-L1 positivos com CPS ≥ 5.
CheckMate 577
Neste estudo de fase 3, pacientes com câncer de esôfago e da transição esôfago gástrica submetidos a quimioradioterapia neoadjuvante seguida de cirurgia e que permaneciam com doença residual na peça cirúrgica foram randomizados para receber nivolumabe adjuvante ou placebo por um ano.
Os resultados interinos do estudo mostraram que o nivolumabe reduziu o risco de recorrência ou morte em 31%, alcançando sobrevida livre de doença de 22,4 meses e de 10 meses em quem recebeu nivolumabe ou placebo, respectivamente.
FOENIX-CCA2
Em uma análise interina de estudo fase 2 em subgrupo de pacientes com colangiocarcinoma intra-hepático com fusões/rearranjos de FGFR2, o inibidor de FGFR futibatinibe demonstrou ser eficaz e tolerável.
Os investigadores registraram uma taxa de resposta objetiva de 37,3% na análise de 67 pacientes com pelo menos 6 meses de acompanhamento.
Futibatinibe é um pan-inibidor do FGFR. As fusões de FGFR2 ocorrem em 10% a 20% dos pacientes com colangiocarcinoma.
Tumores cutâneos
Cemiplimabe
No carcinoma basocelular (um tipo de tumor de pele), a imunoterapia com cemiplimabe mostrou atividade clínica encorajadora em pacientes com doença localmente avançada que progridem ou são intolerantes a inibidores de hedgehog, independentemente da expressão de PD-L1, de acordo com resultados de um estudo de fase 2 apresentado durante a reunião.
Os achados mostram que, dos 84 pacientes com doença localmente avançada tratados com cemiplimabe, 26 (31%) apresentaram resposta objetiva.
Tumores de pulmão e tórax
CROWN
No estudo randomizado de fase 3, pacientes virgens de tratamento com câncer de pulmão não pequenas células avançado ALK-positivo foram randomizados 1:1 para receber 100 mg de lorlatinibe diariamente ou 250 mg de crizotinibe, duas vezes ao dia.
Os resultados mostraram que o lorlatinibe prolongou significativamente a sobrevida livre de progressão (SLP) em comparação com o crizotinibe, atingindo o desfecho primário do estudo.
A mediana de SLP com lorlatinibe ainda não foi alcançada versus 9,3 meses com crizotinibe. Além disso, a SLP em 12 meses foi de 78% e 39%, respectivamente.
Finalmente, a taxa de resposta foi de 76% com lorlatinibe versus 58% com crizotinibe.
Tumores ginecológicos
Balstilimabe/zalifrelimabe
O inibidor de PD-1 balstilimabe, como um agente único e combinado com o inibidor de CTLA-4 zalifrelimabe, mostrou taxas de resposta promissoras, independentemente da expressão de PD-L1, em pacientes com câncer de colo de útero recorrente / metastático, de acordo com os resultados de dois ensaios de fase 2 independentes.
Como agente único, a taxa de resposta foi de 14% na população com intenção de tratamento (ITT) e de 19% em pacientes PD-L1-positivo.
Para pacientes que receberam a combinação de balstilimabe mais zalifrelimabe, as taxas de resposta foram de 22% e 27% na população com ITT e em pacientes PD-L1-positivo, respectivamente.
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