A construção e o monitoramento de indicadores médicos reforçam nosso compromisso com o propósito de tratar o câncer, paciente a paciente. Isso inclui o melhor desfecho clínico para o bem-estar dos pacientes
Custo-efetividade: desde 2004, o departamento de Anestesiologia do A.C.Camargo Cancer Center possui uma equipe de Qualidade e Segurança do Paciente que coleta dados de todas as anestesias realizadas. Com essas informações, o grupo constrói e monitora indicadores que vão desde a avaliação pré-anestésica, intraoperatório e sala de recuperação anestésica até o pós-operatório.
Custo-efetividade: eficiência na prática
Na avaliação pré-anestésica, por exemplo, o indicador de taxa de ocupação do ambulatório permite alocar o número adequado de profissionais de saúde, reduzindo a ociosidade e aglomerações desnecessárias.
“Através da análise de dados de mais de 24 mil avaliações pré-anestésicas, identificamos que 8,7% dos pacientes não foram liberados para a cirurgia, sendo as causas mais frequentes a ausência de exames no momento da consulta e a necessidade de avaliação de um cardiologista por doenças pré-existentes”, explica a médica anestesista e assessora da gestão da prática médica Dra. Aline Chibana, que lidera os grupos de estudo.
Os dados, segundo a especialista, proporcionam um redesenho do atendimento na primeira consulta nos Centros de Referência (CRs), com encaminhamento ao cardiologista antes da anestesiologia em casos específicos.
No período perioperatório – que vai desde que o cirurgião decide indicar a cirurgia até que o paciente retorne, após a alta hospitalar, às atividades normais –, o destaque é a mudança do protocolo de monitorização intraoperatória, feito em 2014.
A partir da análise de dados, o grupo identificou que os eventos intraoperatórios mais frequentes estavam relacionados aos aparelhos cardiovascular e respiratório.
“Apesar de realizarmos anestesias para cirurgias de grande porte, monitorizávamos muito pouco esses eventos com monitores mais avançados. Dessa forma, desenhamos um protocolo baseado no porte cirúrgico e na classificação de gravidade do paciente (ASA), no qual estabelecemos parâmetros-alvo e o tipo de monitorização a ser realizada”, explica Aline.
Os resultados foram bastante expressivos: redução da taxa de infecção urinária de 6 para 2%, redução do tempo de permanência hospitalar em 0,8 dia e redução da taxa de delirium (síndrome que pode ocorrer no pós-operatório com mais frequência em idosos, com sintomas de confusão mental e consciência reduzida) em 50%.
“De maneira geral, os custos para cada dia internado de um paciente em delirium são duas vezes e meia maior do que os de um paciente que não desenvolveu a síndrome. Dessa forma, podemos afirmar que todos os pacientes oncológicos acima de 55 anos e que são submetidos a cirurgias abdominais abertas, com duração maior que duas horas, podem ser beneficiados pelo protocolo A.C.Camargo no período perioperatório”, diz Aline.
Os resultados do grupo foram divulgados em um artigo científico no Journal of Clinical Monitoring and Computing. Você pode conferir o material aqui (em inglês).