Covid-19: como a quarentena influencia nosso sono
Covid-19: como a quarentena influencia nosso sono
Ter sonhos vívidos ou dormir de forma intermitente durante a noite costumam ser características que ocorrem em momentos de estresse, como a pandemia do novo Coronavírus
Covid-19 e nossa relação com o sono. Durante o isolamento social, muitas pessoas dizem enfrentar uma noite de sono leve ou com sonhos vívidos – aqueles que parecem que ocorreram de verdade.
Elas relatam acordar diversas vezes durante a noite e outras lembram perfeitamente do sonho, com emoções e sensações à flor da pele. Mas por que esses sintomas estão mais frequentes em tempos de quarentena?
Conversamos com a Dra. Maria Teresa da Cruz Lourenço, head do Núcleo de Psico-oncologia, para entender sobre como nosso cérebro se comporta durante novas situações, mudanças da rotina e sonhos.
Hora de dormir
Para entender os sonhos, é necessário compreender o que eles são. "É um assunto fascinante e complexo. Os sonhos são uma expressão da maturidade cerebral e desenvolvimento cognitivo que nosso organismo utiliza para organizar ideias, sensações e pensamentos", explica a doutora.
Quando vamos dormir, nosso corpo descansa de um longo dia e processa lembranças e emoções. “Existem duas fases importantes para uma boa noite de sono, que se intercalam durante a noite: o sono sem movimento rápido dos olhos e o sono com movimento rápido dos olhos, o que chamamos de sono REM", explica a especialista.
Sono REM é uma abreviação para rapid eye movement, ou “movimento rápido dos olhos”, em tradução literal.
É nesse estado de relaxamento físico e alta atividade cerebral (sono REM) que podem ocorrer a maioria dos sonhos e pesadelos. "Os pesadelos podem ser uma tentativa do organismo em lidar com eventos adversos que ocorrem durante o dia. São sonhos vívidos, mas que causam muita ansiedade, o que faz despertar as pessoas", diz.
Sonho x Covid-19
Durante o isolamento social, nosso cérebro passa a se adaptar a essa nova rotina. Isso pode fazer com que nossos pensamentos sejam “organizados” de forma a criar elementos para que possamos enfrentar tudo isso. "Em resumo, em nossos sonhos, o cérebro se exercita para lidar com novas situações baseadas naquelas em que estamos vivendo", explica a especialista.
A razão pela qual muitas pessoas relatam ter sonhos vívidos se dá por alguns fatores. "Estresse, que desencadeia ansiedade, faz com que a gente tenha sonhos mais vívidos e se lembre deles com mais facilidade", conta Maria Teresa.
Além disso, estar restrito a um mesmo ambiente durante o isolamento social, com pouca atividade física e interação com outras pessoas, também pode contribuir para que o cérebro fique mais alerta com pensamentos que causam ansiedade.
"Quando a pessoa se deita para dormir, ela começa a pensar nas notícias que leu, tem preocupação com quem ela ama... isso é um gatilho para a ansiedade".
Tchau, pesadelos
Para diminuir a frequência de sonhos vívidos durante a noite, a Dra. Maria Teresa dá algumas dicas. "Tenha uma rotina. Horário para acordar, dormir, almoçar, ligar para quem você ama, relaxar. Estamos vivendo um momento de incertezas e não vamos encontrar todas as respostas agora. Mas precisamos estar bem. Diminuir o consumo de álcool e outras drogas e se exercitar também ajuda a ter uma boa noite de sono", conta.
Também é importante ter o apoio de um profissional de saúde mental, que pode ajudar, por exemplo, empregando técnicas cognitivo-comportamentais para ajudar a dormir melhor. "Peça ajuda. Vamos passar por isso da forma mais saudável possível", encerra a Dra. Maria Teresa.
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