Tecnologia permite que os pesquisadores identifiquem, entre milhões de células dos pacientes, os padrões relacionados à melhor resposta às drogas imunoterápicas
Cientistas do Grupo de Pesquisa em Imunoterapia do A.C.Camargo utilizam a inteligência artificial e uma máquina de última geração para aumentar a abrangência e a eficiência da imunoterapia – um tipo de tratamento que utiliza o próprio sistema imunológico dos pacientes para destruir os tumores.
Trata-se da citometria de fluxo de alta performance. Essa tecnologia permite que os pesquisadores identifiquem, entre milhões de células dos pacientes, os padrões relacionados à melhor resposta às drogas imunoterápicas, o que personaliza o tratamento.
“A imunoterapia é promissora, eficiente e tem menos efeitos colaterais, mas pode não funcionar para alguns pacientes”, conta o imunologista Kenneth Gollob, head do grupo de Imuno-oncologia Translacional do A.C.Camargo. “Com a citometria de fluxo, conseguimos encontrar novos marcadores relacionados à boa resposta imunológica e direcionar o tratamento a quem terá benefício.”
A partir de uma amostra pequena de sangue ou do tumor, coletada dos pacientes do A.C.Camargo, o equipamento avalia 30 parâmetros simultaneamente em até 5 mil células por segundo. “Isso gera uma quantidade gigantesca de dados, que só tem resultados tangíveis graças à bioinformática”, acrescenta Kenneth.
A informação da citometria de fluxo é analisada por um algoritmo, que encontra padrões relacionados à resposta imunológica, revelando os mecanismos que levam uma droga a ser eficiente para um paciente. Graças à inteligência artificial e ao aprendizado de máquina, quanto mais amostras são analisadas, mais robustos são os resultados.
A evolução da imunoterapia já aconteceu com outra terapia disruptiva, a manipulação das células do sistema imune para que elas possam reconhecer e eliminar as células tumorais com maior eficiência. Esta abordagem é denominada Car-T Cells.
Ritmo forte
De acordo com o premiado pesquisador Yosef Yarden, do Weizmann Institute of Science, em Israel, a convergência tem sido fundamental para as descobertas que estão revolucionando o tratamento do câncer.
“Graças à convergência, nós cientistas acreditamos que vamos testemunhar descobertas radicais sobre a detecção precoce do câncer”, afirma o cientista. “Metodologias como a espectrometria de massas e os fragmentos de DNA no sangue nos permitirão detectar tumores mais cedo, em fases nas quais as células tumorais ainda estão vulneráveis, aumentando a chance de cura.”
A superintendente de Pesquisa do A.C.Camargo, Vilma Martins, também acredita que a convergência é o caminho para acelerar ainda mais os benefícios aos pacientes com câncer.
“Os avanços que temos conseguido, incluindo terapias disruptivas como a imunoterapia, dependem de muito conhecimento gerado em diferentes áreas da ciência”, avisa a doutora Vilma.