Cientistas do A.C.Camargo avaliam impacto que “air gaps” podem causar na eficácia da braquiterapia
Cientistas do A.C.Camargo avaliam impacto que “air gaps” podem causar na eficácia da braquiterapia
Publicado na Brachytherapy, revista científica da Sociedade Americana de Braquiterapia, estudo explica que eventuais bolhas de ar surgem ao redor do aplicador cilíndrico durante o tratamento – algo que o uso da tomografia para planejamento é capaz de minimizar
A braquiterapia desempenha um papel importante no tratamento de pacientes com cânceres de endométrio e colo do útero. Quando ocorre no endométrio, o tratamento é eminentemente cirúrgico. Há exceção em alguns casos de tumores do estádio I, que podem não precisar de tratamentos adicionais, mas todos os demais necessitam de braquiterapia – com ou sem adição de radioterapia externa e/ou quimioterapia para o sucesso terapêutico.
Já para tumores de colo uterino inicial, o tratamento é a cirurgia radical ou irradiação, dependendo da condição geral das pacientes. Ainda assim, a grande maioria irá necessitar de braquiterapia vaginal.
Acontece que pode haver bolhas de ar (air gaps) ao redor do aplicador cilíndrico durante a braquiterapia do manguito vaginal, algo que pode ser identificado por meio de tomografia computadorizada pós-inserção.
“A presença de bolhas de ar faz com que a irradiação planejada não chegue com a dose adequada ao alvo de tratamento; essa dose pode se tornar maior ou menor”, explica Cassio Pellizzon, head do Departamento de Radioterapia do A.C.Camargo Cancer Center.
Investigar a incidência e a localização dessas bolhas de ar foi justamente o objetivo do estudo Detection of Air Gaps Around the Cylinder by Postinsertion Computed Tomography in Vaginal Cuff brachytherapy: a Prospective Series, Systematic Review, and Meta-Analysis (Detecção de Bolhas de Ar ao Redor do Cilindro pela Tomografia Computadorizada Pós-Inserção na Braquiterapia do Manguito Vaginal: uma Série Prospectiva, Revisão Sistemática e Meta-Análise).
Como funciona a tomografia
Após a colocação dos aplicadores vaginais, são necessárias informações sobre a localização do aplicador no corpo da paciente e dos órgãos que estão próximos ao mesmo. “Fazemos isso para que se dê a dose máxima de radiação no leito tumoral e mínima nos tecidos normais que estão naquela região”, afirma o doutor Cassio Pellizzon, que foi o orientador do trabalho.
“A tomografia nos dá todas essas informações detalhadas e confiáveis sobre a extensão e a configuração do aplicador, bem como de sua topografia”, acrescenta o médico.
O estudo
Foram avaliadas 22 pacientes. Em 18 delas (82%), se detectou um total de 45 bolhas de ar, com média de diâmetro de 3,7 mm.
A pesquisa ainda demonstrou que o diâmetro do cilindro, o local do tumor primário e o uso de radioterapia externa não foram associados à incidência dessas bolhas de ar. “Elas estão associadas, provavelmente, à colocação de um aplicador de tamanho inferior ao que a vagina comporta”, analisa Cassio Pellizzon.
Em suma, mais de 2/3 dos casos de braquiterapia do manguito vaginal apresentaram essas bolhas ao redor do cilindro. “A solução é realizar uma tomografia antes de cada sessão e, se identificados volumes significativos de bolhas de ar, o jeito é trocar o aplicador. É o que fazemos no A.C.Camargo, visando entregar o melhor tratamento possível a nossos pacientes”, conclui o doutor Cassio.
Para conferir o estudo completo (em inglês), clique aqui.
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