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Câncer ginecológico: novidades e consolidação dos tratamentos

 
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Câncer ginecológico: novidades e consolidação dos tratamentos

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Por Andréa Paiva Gadêlha Guimarães, oncologista clínica, e Glauco Baiocchi Neto, head do departamento de Ginecologia

Neste ano, o congresso da ASCO trouxe algumas novidades e consolidou a importância de tratamentos já realizados no câncer ginecológico. 


Câncer de ovário

Tivemos o importante estudo SOLO 2, com resultados finais de sobrevida com follow up de 5,5 anos. Apresentado pelo Dr. Andreas Poveda, este estudo fase III foi realizado em pacientes com câncer epitelial de ovário recidivado platino sensível com mutação BRCA, com histórico de quimioterapia baseada em platina. 

Avaliou o benefício do inibidor de PARP (Olaparib) como manutenção até a progressão de doença ou toxicidade limitante, em relação a placebo. Era permitido para pacientes após progressão, o crossover.

O objetivo primário do estudo foi avaliar a sobrevida livre de progressão e, o secundário, foi verificar sobrevida global, qualidade de vida e intervalo de tempo para quimioterapia. 

Houve ganho da sobrevida global de 12,9 meses na população global do estudo, sendo que 38% das pacientes do braço placebo e 10% braço Olaparib fizeram uso de inibidor de PARP após progressão. Houve ainda aumento no intervalo de tempo para quimioterapia subsequente: 27,4 meses x 7,2 meses, HR 0,37, além de cerca de 22% das pacientes com resposta por mais de cinco anos e cerca de 42% da pacientes vivas em cinco anos no braço do Olaparib. A toxicidade foi a esperada para a droga. 

Também tivemos, ainda em câncer de ovário, dois estudos importantes que avaliaram o papel da citorredução secundária em pacientes na primeira recidiva com câncer de ovário platino sensível e com doença passível de ressecabilidade no momento da recidiva.  

Foi um estudo europeu, o Desktop III, e outro chinês SOC-1, cada um com um critério especifico de ressecabilidade – Desktop III (AGO score) e SOC-1 (iMODEL 4,7). 

Apesar de suas diferenças, ambos demonstraram ganhos de sobrevida livre de doença. O Desktop III mostrou resultados finais com ganho em sobrevida global. Porém, o benefício somente é encontrado no caso da citorredução secundária sem doença residual macroscópica, reforçando a importância de critérios de ressecabilidade e esforço máximo para citorredução completa nesta população. 

E, pensando em novas perspectiva de tratamento sistêmico em câncer de ovário, o estudo KEYNOTE-100 fase II avaliou o papel da imunoterapia (Pembrolizumab), droga esta anti PD-L1 em câncer de ovário epitelial recidivado, independentemente do critério de platino sensibilidade. 

Foi realizada uma análise no tumor com pesquisa PD-L1 por CPS (combined positive score). As pacientes foram divididas em 2 coortes, sendo: a) com 285 pacientes já submetidas a uma a três linhas de quimioterapia prévia, com intervalos de platina de três a 12 meses; b) 91 pacientes submetidas quatro a seis linhas de quimioterapia prévia com intervalo livre de platina > ou = a três meses. Endpoint primário: resposta por coorte / expressão PD-L1; endpoint secundário: duração de resposta, sobrevida livre de progressão, sobrevida global e segurança. 

Num período de seguimento de 38 meses, foi observada na coorte A uma resposta clínica de 22%, sendo resposta objetiva de 8,1% e duração de resposta de 8,3 meses. Na coorte B, resposta clínica de 22%, resposta objetiva de 9,9 % e duração de resposta 23,6 meses. 

Na população global do houve 31,6% de regressão das lesões, e mediana de resposta de 10,2 meses; em 67% das respondedoras, duração da resposta por mais de 6 meses. Não houve ganho de sobrevida global ou livre de doença. Observada a taxa de resposta em pacientes com CPS > 10, sendo na coorte A de 11,6% e na coorte B de 18,2%, com tendência aumento de sobrevida global não significante, sendo nas pacientes com CPS > 10 uma sobrevida global de 21,9 x 24 meses. Toxicidade grau 3 ou 4 ocorreram em 20% das pacientes e, dentre as mais frequentes, foram as doenças autoimunes: como hipo e hipertireoidismo, colite e cutânea.  


Câncer de endométrio

Tivemos estudos com perspectivas de novas drogas. Dentre eles, o estudo fase II com Adavosertib (AZD1775), um inibidor de WEE1, droga que atua no ciclo celular que foi avaliado em carcinoma seroso de endométrio recidivado após falha da quimioterapia baseada em platina, e sem uso prévio de imunoterapia. 

Foi um estudo com 16 pacientes, que demonstrou uma taxa de resposta objetiva de 29,4%, benefício clinico de 50% e sobrevida livre de progressão de 6,14 meses. Sendo observada, em 59,6%, sobrevida livre de progressão de seis meses e duração mediana de resposta de 9,03 meses. 

Um estudo bastante interessante, apesar de pequeno (15 pacientes), foi o TROPHIMMUN. Fase II, com o uso da imunoterapia (Avelumab), um anticorpo anti PD-L1 como monoterapia em paciente com neoplasia trofoblástica gestacional resistente – uma patologia com poucas novidades nos últimos anos. 

Foram 02 coortes, sendo a coorte A resistente à monoterapia com metotrexate e actinomicina; e a coorte B resistente à poliquimiotrapia (EMACO). 

O objetivo primário do estudo foi a normalização do marcador tumoral BHCG sérico, permitindo suspensão de tratamento. Os objetivos secundários foram segurança, sobrevida global e livre de doença. 

Resultados: foi observada uma normalização de 50% de BHCG sem recidiva, após uma mediana de nove ciclos em 56% das pacientes, com perfil de toxicidade excelente. Após um seguimento de 27 meses, as pacientes foram consideradas curadas. 

Esta estratégia poupou cerca de 33% das pacientes de poliquimioterapia de resgate. Esse foi o primeiro estudo com imunoterapia em pacientes com esta patologia. 


Colo do útero 

Avaliação de segurança a longo prazo dos estudos SENTICOL I e SENTICOL II. Foram avaliados os casos com linfonodos negativos, comparando retrospectivamente o grupo das pacientes que foram submetidas somente ao protocolo do linfonodo sentinela com o grupo submetido a linfonodo sentinela com adição da linfadenectomia sistemática. 

Os resultados sugerem que a pesquisa do linfonodo sentinela é segura sem a adição da linfadenectomia em relação à risco de recidiva.

 

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