Com participação do corpo clínico do A.C.Camargo Cancer Center, grupo internacional de pesquisa INHANCE analisou 8839 casos; laringe apresentou a maior incidência de tumores
Câncer de cabeça e pescoço: investigar as relações entre ele e os fatores de risco inerentes às ocupações foi o norte do estudo Occupations and the Risk of Head and Neck Cancer: a Pooled Analysis of the International Head and Neck Cancer Epidemiology Consortium [INHANCE] (Ocupações e o Risco de Câncer de Cabeça e Pescoço: uma Análise do Consórcio Internacional de Epidemiologia do Câncer de Cabeça e Pescoço [INHANCE]).
Publicada no Journal of Occupational and Environmental Medicine, essa pesquisa reuniu 8839 casos e 13730 controles com participantes de 27 países.
“Temos esse grupo de pesquisa há mais de 20 anos. Identificamos a necessidade de avaliar as possíveis associações entre as ocupações e os cânceres de cabeça e pescoço”, conta Maria Paula Curado, head do Núcleo de Epidemiologia e Estatística em Câncer do A.C.Camargo.
Câncer de cabeça e pescoço: risco menor para encanadores
Foram identificados riscos associados a várias categorias, de acordo com as características da ocupação e o tempo em que a pessoa esteve na atividade, sobretudo os que passaram mais de 10 anos nesse trabalho.
O câncer de laringe apresentou a maior incidência em todas as profissões investigadas. Exemplos de categorias afetadas foram os mecânicos de veículos e os motoristas, algo que sugere que a inalação a certas substâncias – como a fumaça dos escapamentos – tenha impacto no surgimento dessas neoplasias.
Faxineiros e trabalhadores da indústria têxtil também foram alguns dos mais afetados pelo câncer de laringe. Na cavidade oral, a associação foi maior em garçons e bartenders.
Curiosamente, encanadores, instaladores de tubulações e de estruturas metálicas não foram acometidos significativamente na laringe.
Já os profissionais que trabalham com carne, como açougueiros, se mostraram mais afetados na faringe, na orofaringe e na cavidade oral.
Vale ressaltar que 87,5% dos casos de tumores de cabeça e pescoço envolviam fumantes e 87,3% consumiam álcool com frequência.
Conclusões
Embora o mecanismo preciso de ação de carcinógenos ocupacionais ainda não seja estabelecido, muitos estudos ainda serão necessários para elucidar a carcinogênese.