Apresentada na ASCO, a análise envolveu 1125 pacientes divididos em dois grupos
Por Daniel Garcia, oncologista clínico do A.C.Camargo Cancer Center
Novidade da ASCO 2019, o estudo ENZAMET analisou 1125 portadores de câncer de próstata metastático sensível à castração. Esses pacientes foram randomizados em dois grupos: uma parte recebeu uma terapia de privação hormonal associada ao medicamento enzalutamida; a outra (grupo de controle) fez uso de terapia de privação hormonal associada a bloqueadores androgênicos padrão como bicalutamida, flutamida ou nilutamida.
Foi demonstrada, depois de um seguimento de três anos, uma redução no risco de morte em 33% no grupo que recebeu enzalutamida. Em relação à sobrevida livre de progressão clínica, o beneficio foi ainda maior: por volta de 60% de redução para quem fez uso de enzalutamida.
Em ambos os braços era permitida, a critério do médico investigador, a associação do quimioterápico docetaxel. Um total de 503 pacientes foram expostos ao tratamento combinado. A associação não conferiu maior benefício ao grupo que recebia enzalutamida, porém, no grupo controle, aparentemente houve melhora nos desfechos, que se aproximaram dos resultados do grupo enzalutamida.
Efeitos adversos considerados sérios foram apresentados por 42% dos pacientes que receberam enzalutamida e por 34% do grupo controle.
Próximos passos
Após os resultados positivos no estudo ENZAMET, a enzalutamida se firma como mais uma medicação acrescentada ao arsenal terapêutico contra o câncer de próstata metastático sensível à castração – já havia docetaxel e abiraterona. Uma quarta medicação, a apalutamida, demonstrou resultados animadores em estudo também apresentado durante o congresso médico.
Para escolher a melhor medicação para cada paciente, novos estudos e análises devem ser realizados em breve com essa finalidade, seja baseando-se em biomarcadores ou em características clínicas.
