Avaliação de resposta discordante entre PET/CT 18F-FDG e RECIST em pacientes com melanomas metastáticos tratados com inibidores de pontos de verificação
Avaliação de resposta discordante entre PET/CT 18F-FDG e RECIST em pacientes com melanomas metastáticos tratados com inibidores de pontos de verificação
Por Milton José de Barros e Silva, primeiro autor do estudo e oncologista clínico do A.C.Camargo Cancer Center
A imunoterapia com inibidores de pontos de verificação vem revolucionando o tratamento dos pacientes com melanoma metastático.
Nos estudos que levaram à aprovação dessas medicações, o tempo total de tratamento previsto era de até dois anos para os pacientes que não apresentassem falha ou toxicidades significativas.
Entretanto, dados de pacientes que apresentaram resposta completa por RECIST (desaparecimento total da doença em exames de tomografia e/ou ressonância magnética), e que suspenderam o tratamento antes da marca de dois anos, têm chamado a atenção para os excelentes resultados pós-suspensão, com algumas séries mostrando o não ressurgimento da doença em mais de 90% dos casos.
Contudo, na prática clínica, frequentemente, utilizamos o PET-CT com 18F-FDG para a avaliação de tratamento nos pacientes com melanoma.
Esse tipo de avaliação leva em consideração não só o tamanho da redução do tumor, mas a sua capacidade de concentração de glicose, uma maneira de avaliar a atividade da doença. A situação onde não mais se observa captação metabólica é chamada de resposta completa metabólica.
Dados de resposta completa por RECIST nos estudos clínicos são da ordem de 20%, porém a literatura carece de informações sobre o número de pacientes com melanoma tratados com imunoterapia que atingem resposta completa metabólica e o seu significado prognóstico.
Nesse sentido, estudo conduzido pelo A.C.Camargo Cancer Center avaliou retrospectivamente 170 pacientes tratados com imunoterapia com inibidores de pontos de verificação e que realizaram avaliação de resposta por RECIST e PET-CT.
Nessa análise, 75 pacientes apresentaram resposta completa metabólica. Entre estes, 38 tinham resposta completa por RECIST. Ou seja, cerca de duas vezes mais pacientes apresentam resposta completa metabólica em comparação à resposta completa por RECIST.
No momento da análise, 70% dos pacientes em resposta completa estavam fora de tratamento (tempo mediano de tratamento antes da suspensão de 14 meses). Os pacientes com resposta metabólica, mas que não tinham resposta completa por RECIST, em 94,5% dos casos foram classificados como resposta parcial. Não houve diferença em sobrevida livre de recidiva em três anos entre os dois grupos (84,4 vs 74%, p=0,62).
Os dados desse estudo podem ajudar na tomada de decisão na prática clínica, onde a discussão do melhor momento para a suspensão do tratamento, frequentemente, se impõe, podendo implicar em redução de toxicidade clínica e financeira.
Para conferir mais (em inglês) sobre o estudo Discordant response comparing 18F-FDG PET/CT with response assessment by RECIST in patients with advanced melanoma treated with immune checkpoint blockade, clique aqui.
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