Testes germinativos podem diagnosticar mutações que culminam em tumores com diversos graus de agressividade
Aconselhamento genético. Duas palavras que podem fazer a diferença definitivamente como fator preventivo ante o câncer. É a constatação de Brian Shuch, urologista americano que é diretor do Programa de Câncer Renal da UCLA.
O assunto foi abordado nesta sexta-feira em mais um painel do Next Frontiers to Cure Cancer, um dos maiores congressos oncológicos da América Latina, que ocorre até este sábado (18/5) no WTC Center, em São Paulo. Trata-se de tentar antever os tumores, sobretudo para quem tem histórico familiar.
"As mutações genéticas são transmitidas de geração em geração. A possibilidade de os filhos as terem herdado é significativa se o pai ou a mãe as tiverem", explica o doutor Brian, que comandou o painel A Evolução Crescente dos Testes Germinativos para Câncer de Próstata. "Se o pai tem câncer de próstata, a filha dele pode desenvolver, por exemplo, um câncer de mama, então o objetivo aqui é a gente se antecipar. Uma prevenção relevante não apenas para tumores de próstata, mas também para melanoma e pâncreas, por exemplo", afirma o médico.
Como funciona
O segredo é realizar o chamado teste germinativo. O clínico-geral não costuma tocar esse processo, então o melhor é procurar um médico geneticista. "Ele vai identificar os portadores dos genes na família e encaminhá-los para uma consulta multidisciplinar de aconselhamento genético”, diz Brian Shuch.
"O desafio é interpretar essas mutações, que carecem de mais estudos e especialistas. Nos Estados Unidos há cerca de 4 mil geneticistas registrados, mas nem todos trabalham com testes germinativos, que hoje custam a metade do valor de uma TV de tela plana", acrescenta Brian.
Componentes étnicos
Disparidades raciais genéticas também podem ser melhores aferidas com mais pesquisas. "Elas podem ser um fator para as mutações. A grande maioria dos estudos analisa apenas caucasianos, porém é preciso isolar genes de outras etnias como asiáticos e afro-americanos para termos dados mais precisos", encerra Brian Shuch.