Apoio psicológico, medicamentos e algumas atitudes simples podem ajudar quem deseja largar o vício
O tabagismo é o maior fator de risco evitável de adoecimento e morte no mundo. Os malefícios incluem um aumento significativo nas chances de adquirir ou morrer por doenças cardíacas, pulmonares, insuficiência renal, infecções, osteoporose, insuficiência vascular e câncer. Além disso, também envelhece a pele e pode causar problemas sexuais, como a impotência.
De acordo com o INCA, o uso de tabaco ocupa o segundo lugar no ranking de drogas mais experimentadas no país, ficando atrás apenas do álcool. A idade média de experimentação de tabaco entre os jovens brasileiros é de 16 anos de idade, tanto para meninos quanto para meninas.
A experimentação de tabaco é maior entre estudantes da rede pública de ensino e, geralmente, as frequências de uso de tabaco nos últimos 30 dias também são maiores em instituições de ensino públicas. Em 2015, 18,4% dos escolares entre 13 e 17 anos experimentaram cigarros, sendo a maior frequência de experimentação observada na Região Sul (24,9%) e a menor, na Região Nordeste (14,2%).
Estudos populacionais apontam que o tabagismo encurta o tempo de vida de quem fuma em 11 a 12 anos. Apenas 26% dos homens tabagistas alcançam os 80 anos, contra 61% dos que nunca fumaram. Entre as mulheres, apenas 38% das que fumam completarão 80 anos, enquanto 70% das que nunca fumaram chegarão a esta idade.
Apesar dos dados alarmantes, o número de adultos fumantes no Brasil vem apresentando uma expressiva queda ao longo do tempo. De acordo com estudo realizado pela Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN), 34,8% da população acima de 18 anos era fumante no ano de 1989.
Conforme dados coletados nos anos subsequentes, uma queda gradual e expressiva pode ser observada, com um percentual de adultos fumantes no Brasil em 2003, 2008 e 2013 de 22,4%, 18,5% e 14,7%, respectivamente. De acordo com o INCA, esta redução vem ocorrendo graças às diversas ações e programas antitabagismo elaborados nas últimas décadas.
Entre os tabagistas que param de fumar, estatísticas comprovam que existe um ganho de 10 a 4 anos de tempo de vida. Parar de fumar terá um impacto positivo na saúde, não importando a idade, quanto tempo ou quanto fumou; no entanto, quanto mais jovem parar de fumar, mais anos de vida são ganhos.
O que devo fazer se eu quiser parar de fumar?
O mnemônico "START" (do inglês “começar”) pode ajudar a seguir as etapas abaixo:
S (Set) - Defina uma data para parar de fumar.
T (Tell) - Diga à família, amigos e às pessoas ao seu redor que você planeja largar o cigarro.
A (Anticipate) - Antecipar ou planejar com antecedência os tempos difíceis que você enfrentará durante o processo de interrupção do tabagismo.
R (Remove) - Remover os cigarros e outros produtos de tabaco da sua casa, carro e trabalho.
T (Talk) - Converse com seu médico sobre como obter ajuda para parar de fumar.
Como o médico ou outro profissional de saúde podem ajudar?
O médico ou outro profissional de saúde podem aconselhar a respeito da melhor forma para interromper o tabagismo. Ele ou ela também podem colocar o fumante em contato com conselheiros ou outras pessoas que podem dar apoio. O A.C. Camargo Cancer Center tem à disposição o Grupo de Apoio ao Tabagista (GAT). Criado em 1997, é o primeiro serviço de prevenção e tratamento ao tabagismo oferecido a pacientes em um centro oncológico. O GAT tem como missão atuar na pesquisa, prevenção e tratamento da dependência da nicotina para os doentes com câncer e também para a comunidade. Também desenvolve a capacitação de profissionais para atuar na área.
Caso julgue necessário, o médico também pode fornecer medicamentos para reduzir o desejo por cigarros e amenizar os sintomas desagradáveis que acontecem quando para-se de fumar (chamados "sintomas de abstinência").
Os sintomas incluem:
● Insônia
● Sentir-se irritado, ansioso ou inquieto
● Sentimentos de frustração ou raiva
● Ter dificuldade para pensar com clareza
Como os medicamentos ajudam a parar de fumar?
Medicamentos diferentes funcionam de maneiras diferentes e podem ser uma boa opção para ajudar a parar de fumar. É importante que essa decisão seja tomada em conjunto com o médico. Não é aconselhável a automedicação, que pode trazer riscos para a saúde. Confira algumas opções disponíveis:
● A terapia de reposição de nicotina ameniza a abstinência e reduz o desejo por nicotina. Existem diferentes formas de reposição de nicotina, incluindo adesivos para a pele, pastilhas, gomas, sprays nasais e inaladores.
● A bupropiona é um medicamento antidepressivo que reduz o desejo de fumar.
● A vareniclina é um medicamento que se liga aos receptores de nicotina presentes nos neurônios cerebrais, onde exerce função de estimulação parcial e mais fraca que a nicotina. Essa ligação também promove a ocorrência de inibição desses receptores na presença de nicotina. Pode ajudar a reduzir o desejo intenso de fumar e os sintomas de abstinência associados ao fato de parar de fumar.
Algumas pessoas que param de fumar ficam temporariamente deprimidas, necessitando eventualmente de tratamento para depressão com aconselhamento e/ou medicamentos antidepressivos. Fique atento a alguns sinais da depressão, como:
● Perder o prazer em atividades que costumava gostar de fazer
● Sentir-se triste, desesperançado ou irritado durante a maior parte do dia, quase todos os dias
● Perder ou ganhar peso
● Ter insônia ou excesso de sono
● Sentir-se cansado, sem energia
● Sentir-se culpado ou sem valor
● Esquecer as coisas ou sentir-se confuso
● Mover-se e falar mais devagar do que o habitual
● Agir inquieto ou ter dificuldade para ficar parado
● Pensar em morte ou suicídio
Se você acha que pode estar deprimido, consulte seu médico. Somente um profissional treinado em saúde mental pode dizer com certeza se você está deprimido. Se você tiver pensamentos de autoagressão ou suicídio, contate o seu médico ou vá a um hospital imediatamente.
Como funciona o aconselhamento e por que é importante?
Aconselhamentos acontecem durante as visitas formais ao consultório. Um conselheiro pode ajudar a descobrir o que desencadeia a vontade de fumar e o que fazer; a superar os desejos por cigarro e a entender o que deu errado em tentativas prévias para largar o cigarro.
Mas, afinal de contas, o que funciona melhor?
Estudos mostram que os fumantes têm melhores taxas sucesso em parar de fumar quando tomam medicamentos para ajudá-los, participam de grupos de apoio com um conselheiro e realizam a reposição de nicotina através de medicamentos prescritos.
Ganharei peso se parar de fumar?
Quem decide parar de fumar pode ganhar alguns quilos. No entanto, é importante destacar que o ato de parar de fumar terá um efeito muito mais positivo na saúde do que pesar alguns quilos a mais. Além disso, pode-se evitar o ganho de peso sendo mais ativo e comendo menos. Inclusive, o medicamento bupropiona pode ajudar a controlar o ganho de peso.
O que mais posso fazer para melhorar minhas chances de abandonar o cigarro?
● Começar a se exercitar.
● Ficar longe de fumantes e lugares que você associa com o tabagismo. Se pessoas próximas a você fumam, peça-lhes para parar de fumar também.
● Ande com um chiclete, um doce ou algo para colocar na boca. Se você tiver desejo por um cigarro, experimente um desses.
● Não desista, mesmo que você comece a fumar novamente. A maioria das pessoas leva algumas tentativas antes que elas sejam bem-sucedidas.
E se eu estiver grávida e fumar?
Se você está grávida, é muito importante para a saúde do seu bebê que você pare imediatamente. Pergunte ao seu médico quais as opções que você tem e o que é mais seguro para o seu bebê.
Para agendar uma consulta com o GAT, basta entrar em contato pelos telefones: (11) 2189-5119 / 5141 / 5130.