Pulmão
Pulmão
São 1,7 milhão de novos casos de câncer do pulmão por ano em todo o mundo e uma incidência que cresce 2% ao ano. No Brasil, segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), serão 31.270 novos casos em 2018, sendo 18.740 em homens e 12.530 em mulheres. Apesar de ser um tipo frequente de tumor e de causar muitas mortes, o câncer de pulmão é uma doença evitável: 90% dos casos estão associados ao tabaco. Geralmente, os sintomas do câncer de pulmão aparecem apenas quando a doença já está avançada. Por isso, a minoria dos casos é diagnostica em fase inicial. Apesar de ser uma doença grave e agressiva, atualmente há muitos recursos para o tratamento.
O câncer de pulmão costuma ser diagnosticado depois dos 50 anos em 90% dos casos, especialmente na faixa dos 60 aos 70 anos. Até pouco tempo atrás, era uma doença quase que exclusivamente masculina, mas nas últimas décadas ele vem aumentando progressivamente entre as mulheres, enquanto entre os homens há numa tendência de queda no número de casos. Esse aumento no número de casos entre as mulheres se deve ao consumo crescente de tabaco e a maior dificuldade que as mulheres fumantes têm de deixar de fumar. Além disso, estudos recentes sugerem que talvez as mulheres sejam mais suscetíveis aos efeitos cancerígenos dos componentes do cigarro.
O câncer de pulmão é dividido de acordo com o tipo de células presentes no tumor e cada tipo de câncer se desenvolve e tem tratamento diferente. Os dois principais são o câncer de células não pequenas, que é o mais comum, e o câncer de células pequenas.
O câncer de pulmão de células não pequenas se subdivide em três categorias: o adenocarcinoma, que tem origem nas células dos alvéolos, que produzem muco, e é mais comum em não fumantes; o câncer de células escamosas, ou epidermoides, que começa nas células achatadas dos pulmões e é causado pelo fumo; e o câncer de células grandes, que começa em células grandes do pulmão. Já o câncer de pulmão de células pequenas representa menos de 20% dos casos e quase sempre está associado ao uso de tabaco. Geralmente começa nos brônquios, mas cresce rapidamente e se espalha para outras partes do corpo, incluindo os gânglios linfáticos.
Fatores de risco
Vale lembrar que fatores de risco aumentam o risco de desenvolver câncer, mas isso não quer dizer que você vai obrigatoriamente ter câncer de pulmão.
Os principais fatores de risco para o câncer pulmonar são:
- Tabagismo;
- História familiar de câncer de pulmão;
- Doenças pulmonares como enfisema e tuberculose;
- Exposição ao amianto ou a substâncias químicas ou físicas (radônio, arsênico, cromo, níquel e fuligem);
- Poluição do ar.
O tabagismo, tanto ativo quanto passivo, representa o principal fator de risco para a causa do câncer de pulmão. Quanto maior o consumo de tabaco, maior o risco do desenvolvimento do câncer de pulmão.
Sintomas
Não existem sinais ou sintomas específicos de câncer de pulmão, porém as manifestações mais frequentes são:
- Tosse persistente;
- Escarro com sangue;
- Dor no peito;
- Rouquidão;
- Piora da falta de ar;
- Perda de peso e apetite;
- Pneumonia recorrente;
- Sentir-se cansado ou fraco.
As manifestações clínicas do câncer de pulmão se confundem com os sintomas de outras doenças respiratórias, sendo um dos motivos do atraso no diagnóstico. É importante ficar muito atento, pois não só o surgimento de novos sintomas, mas a modificação de alguns sintomas que já existiam deve ser observada.
Diagnóstico
Diversos exames podem ser necessários para se chegar ao diagnóstico de câncer de pulmão.
O principal exame de imagem utilizado na investigação diagnóstica é a tomografia computadorizada do tórax. Os exames de imagem levantam a suspeita de câncer de pulmão, mas a confirmação tem que ser feita através de biópsia. A punção guiada por tomografia ou a broncoscopia são os principais exames para se fazer a biópsia de uma lesão pulmonar suspeita de câncer. O objetivo destes exames é coletar material para ser analisado pelo médico patologista, que dará o diagnóstico final.
Estadiamento
Assim que se estabelece o diagnóstico de câncer, deve-se determinar a sua extensão através do estadiamento. O PET-CT e a ressonância magnética do cérebro são os exames empregados para esta finalidade.
O câncer de pulmão é classificado em estágios, de acordo com a extensão da sua disseminação. Os estágios I e II compreendem a doença localizada e restrita ao interior do pulmão. O estágio III indica que o câncer ainda está confinado ao tórax, mas já ultrapassou os limites do pulmão comprometendo as estruturas ao seu redor ou atingindo os gânglios linfáticos localizados entre os pulmões. E a doença no estágio IV significa que o tumor compromete outros órgãos além do pulmão, o que se chama de metástases.
Os principais recursos para o tratamento do câncer pulmonar são cirurgia, radioterapia, quimioterapia, imunoterapia e terapia-alvo. As diferentes formas de tratamento podem ser utilizadas de maneira isolada ou mais frequentemente, de maneira combinada.
A cirurgia tem por objetivo a retirada do tumor com margem de segurança, e a remoção dos gânglios linfáticos próximos ao pulmão. O tipo da cirurgia depende do tamanho, localização do tumor, e da capacidade respiratória.
As cirurgias também são classificadas conforme a quantidade de pulmão que é removida:
Segmentectomia e ressecção em cunha: é a retirada de uma parte pequena do pulmão, somente a parte que envolve o tumor.
Lobectomia: é a retirada de todo o lobo pulmonar onde o tumor está situado.
Pneumectomia: é a retirada de um pulmão inteiro
Além disso, a cirurgia também é classificada de acordo com a via de acesso utilizada para a remoção do tumor:
Cirurgia minimamente invasiva: compreende duas modalidades de acesso cirúrgico: cirurgia vídeo-assistida e cirurgia robótica. Em ambas as técnicas são realizadas pequenas incisões na parede lateral do tórax para a introdução de câmera de vídeo e pinças específicas. As principais vantagens das técnicas minimamente invasivas são menos dor, recuperação pós-operatória mais rápida e retorno mais precoce às atividades habituais.
De maneira geral, as técnicas minimamente invasivas são preferencialmente empregadas para o tratamento de tumores em estágios mais iniciais.
Toracotomia: consiste na abertura do espaço entre as costelas para se ter acesso à cavidade torácica. É a técnica cirúrgica mais tradicional, empregada há bastante tempo. Apesar da preferência pelas técnicas minimamente invasivas, em algumas situações a melhor opção continua sendo a via aberta, tradicional.
Complicações
As complicações podem ocorrer em qualquer tipo de cirurgia.
O risco de complicações nas cirurgias de ressecção pulmonar varia de 20% a 30%, dependendo do porte da cirurgia e das condições clínicas de cada paciente.
As principais complicações são:
- Fístula aérea (escape de ar para fora do pulmão);
- Pneumonia;
- Arritmia cardíaca;
- Sangramento;
- Trombose;
- Embolias;
- entre outras.
É importante ressaltar que a maioria das complicações são classificadas como complicações menores, ou seja, que não causam grandes problemas na sua recuperação, mas que podem prolongar o tempo de internação hospitalar e ou o tempo de recuperação em casa. A maioria das complicações não deixam sequelas.
A taxa de mortalidade das ressecções pulmonares é de cerca de 1 a 2%, mas pode chegar a 5 a 10% nas cirurgias de grande porte, como a retirada de todo o pulmão. Todos os cuidados para reduzir os riscos de complicações são tomados antes, durante e depois da cirurgia.
São tumores malignos no pulmão, mas que têm origem em um câncer localizado em outro órgão.
Qualquer tumor pode se disseminar para o pulmão, no entanto, os principais são:
- Câncer de mama;
- Câncer do intestino;
- Sarcomas.
A maioria das metástases pulmonares não causam sintomas específicos e são detectadas nos exames de imagem realizados depois do tratamento do tumor primário.
O tratamento sistêmico (quimioterapia, imunoterapia ou terapia-alvo) é o mais empregado para as metástases pulmonares, entretanto, em algumas situações selecionadas, o tratamento cirúrgico pode ser útil.
Os seguintes critérios devem ser observados para se indicar o tratamento cirúrgico de metástases pulmonares:
- O tumor primário que deu origem às metástases deve estar controlado;
- Metástases isoladas nos pulmões. Alguns casos de câncer de intestino com metástases no fígado e no pulmão podem ser considerados;
- A retirada cirúrgica de todas as metástases deve ser considerada possível com base na análise da tomografia computadorizada do tórax.
As condições clínicas devem ser adequadas para o tratamento cirúrgico.
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