Pele Não Melanoma
Pele Não Melanoma
É o câncer com maior incidência no mundo, entre 2 milhões e 3 milhões de novos casos por ano, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, o câncer de pele não melanoma representa 30% do total de casos de câncer registrados no País e somente neste ano devem ser diagnosticados 165.580 novos casos, sendo 85.170 em homens e 80.410 em mulheres. Ele é o câncer de maior incidência, mas o de menor mortalidade se tratado adequadamente. Há dois tipos básicos de câncer de pele, o não melanoma, que surge nas células basais ou nas escamosas, e o melanoma, que tem origem nos melanócitos, células que produzem a melanina, o pigmento que dá cor à pele. O não melanoma representa 95% do total dos casos de câncer de pele.
A pele é o maior órgão do corpo humano, responsável pela troca de calor e água com o ambiente, encarregado de proteger os órgãos internos contra bactérias e de captar e enviar para o cérebro informações sobre calor, frio, dor e tato. A pele tem três camadas: a epiderme, mais externa e mais fina, a derme e o tecido subcutâneo, mais profundo.
A epiderme, por sua vez, tem três camadas: a superior, formada por células chamadas queratinócitos, a média e a mais interna, formada pelas chamadas células basais, que dão origem aos queratinócitos ou células escamosas, que impermeabilizam a pele, e aos melanócitos, que produzem melanina, o pigmento marrom que dá cor à pele e cuja função é proteger as camadas mais profundas da pele contra os efeitos nocivos da radiação solar. Negros e brancos possuem a mesma quantidade de melanócitos, mas as pessoas de pele escura produzem mais melanina, especialmente uma chamada eumelanina, mais eficiente na proteção contra os raios ultravioleta (UV) do sol. É por isso que negros e afrodescendentes têm menor risco de desenvolver câncer de pele.
A derme, a camada intermediária da pele, é mais espessa que a epiderme e abriga as glândulas sebáceas, folículos pilosos (as raízes dos pelos), vasos sanguíneos e nervos. Já o tecido subcutâneo, o mais profundo, é responsável pela retenção do calor do corpo e funciona como um "colchonete", que absorve impactos e protege os órgãos internos contra os choques e as pancadas.
O carcinoma basocelular ou de células basais tem origem nas células basais da epiderme e representa 75% dos casos de câncer de pele. É mais comum em pessoas de meia-idade e idosos e geralmente aparece em áreas muito expostas ao sol ao longo da vida, como o rosto e o pescoço. Como o hábito de tomar sol e ir à praia por longos períodos é muito popular, esse tipo de câncer tem aparecido em pessoas cada vez mais jovens. O carcinoma basocelular se desenvolve lentamente e dificilmente se espalha para outras áreas do corpo, mas exige tratamento mesmo assim. Entre 35% e 50% das pessoas que tiveram esse câncer de pele vão ter outro num prazo de 5 anos após o diagnóstico. Isso significa que quem já teve câncer de pele tem de fazer um acompanhamento permanente.
O carcinoma espinocelular ou de células escamosas tem origem na camada mais externa da epiderme e responde por 20% do total de casos. Geralmente aparece no rosto, nas orelhas, nos lábios, no pescoço e no dorso da mão. Pode também surgir de cicatrizes antigas ou feridas crônicas da pele em qualquer parte do corpo e até nos órgãos genitais. Carcinomas espinocelulares têm risco maior que o basocelular de invadir o tecido gorduroso e atingir outros órgãos.
Há vários outros tipos de câncer não melanoma, mas são bem mais raros e representam apenas 1% do total.
A maioria dos tumores de pele são benignos, dificilmente se transformam em câncer, mas é um sinal de que alguma coisa está errada e é preciso procurar um especialista. As lesões pré-cancerosas também merecem atenção e tratamento porque, com o tempo, podem se tornar cancerosas.
É o caso da queratose actínica, causada por exposição aos raios UV do sol e que aparece como pequenas lesões ásperas, avermelhadas ou cor da pele, no rosto, nas orelhas, no dorso da mão, nos braços e até na cabeça de homens calvos. Elas são mais comuns em pessoas de meia-idade e de pele clara e, se não são tratadas, podem se transformar em carcinoma espinocelular. O carcinoma espinocelular in situ ou doença de Bowen é o estágio inicial do câncer de células escamosas, ainda restrito ao local onde se originou. Também causado pela exposição prolongada ao sol, ele aparece como manchas avermelhadas cobertas por crostas e com bordas irregulares. Os idosos são a maioria dos pacientes e costumam apresentar mais de uma lesão. A cirurgia é tratamento-padrão, mas radioterapia, crioterapia e quimioterapia também podem ser usadas. O queratoacantoma é parecido com o carcinoma espinocelular e costuma aparecer em áreas descobertas como face, antebraço, dorso das mãos e pescoço. Existem formas solitárias ou múltiplas. Há fase de crescimento rápido (4 a 8 semanas), período estacionário e involução espontânea (4 a 6 meses). É importantíssimo que a lesão seja removida cirurgicamente e analisada.
Os sinais de câncer de pele variam de pessoa para pessoa, mas é preciso ficar atento às seguintes mudanças na pele:
- Qualquer pinta ou sinal que tenha crescimento, apresente coceira, sangramento frequente ou mude de cor, tamanho, consistência ou espessura
- Lesão rosada, avermelhada de crescimento lento, mas constante
- Qualquer ferida que não cicatrize em 4 semanas
- Qualquer mancha de nascença que mude de cor, espessura ou tamanho
FATORES DE RISCO
Alguns fatores aumentam o risco de desenvolver câncer, mas isso não quer dizer que você vai ter câncer de pele.
Sol: exposição prolongada ao sol, sem protetor solar (no mínimo, fator 30), envelhece a pele e aumenta enormemente o risco de câncer no futuro.
Ter pele clara: o risco é bem maior entre pessoas brancas (loiras e ruivas) do que entre as negras ou afrodescendentes, o que não significa que negros não têm câncer de pele, porém é mais raro.
Sexo: homens correm risco duas vezes maior de ter carcinoma basocelular e três vezes maior de ter carcinoma espinocelular que as mulheres, provavelmente porque passam mais tempo ao ar livre.
Produtos químicos: trabalhadores que lidam com arsênico (usado em alguns pesticidas), carvão, parafina, alcatrão e alguns óleos também correm risco maior de desenvolver câncer de pele.
Já ter tido câncer de pele: a chance de ter outro é maior.
Radioterapia: pessoas que fizeram tratamento com radioterapia têm mais chances de desenvolver câncer de pele, principalmente crianças submetidas à radioterapia.
Graves problemas de pele: cicatrizes crônicas de queimaduras, áreas da pele sobre infecções ósseas sérias e certas doenças da pele aumentam o risco de câncer não melanoma, embora esse risco seja pequeno.
Psoríase: portadores da doença que tenham sido tratados com psoralen e radiação ultravioleta podem ter risco aumentado para câncer de pele não-melanoma.
Xeroderma pigmentoso: é uma doença genética rara. Os doentes, também conhecidos como "Filhos da Lua", têm um dano no DNA que impede o reparo da pele atingida pelos raios do sol e de algumas fontes de iluminação artificial (emissões de radiação ultravioleta). Os portadores podem ter vários cânceres de pele, começando já na infância.
Imunossuprimidos: transplantados que tomam drogas para evitar a rejeição correm maior risco de ter câncer de pele, que, nesses casos, crescem mais depressa e podem até ser fatais.
Prevenção: filtro solar (no mínimo, fator 30), chapéu e óculos escuros, que protegem a área delicada em torno dos olhos, são as melhores armas para prevenir o câncer de pele. O cuidado deve ser redobrado com as crianças, porque a exposição exagerada ao sol nos primeiros 20 anos de vida é decisiva para o aparecimento de câncer de pele na meia-idade. Pessoas de alto risco (pele e olhos claros) precisam usar filtro solar no dia a dia também, principalmente no rosto e nos braços, em passeios, caminhadas, ao fazer exercícios ou compras ao ar livre. A recomendação vale também para aqueles dias de mormaço ou nublados.
Nos casos suspeitos, o especialista vai fazer um exame clínico e analisar lesões, pintas ou manchas com um dermatoscópio, um pequeno aparelho com luz especial que amplia a imagem da área em dez vezes. Isso permite que ele classifique as lesões em benignas (normais), suspeitas ou malignas.
Uma biópsia pode ser necessária. Uma das técnicas utilizadas é a cirurgia de Mohs, que funciona como diagnóstico e tratamento. A lesão é anestesiada (anestesia local), finíssimas camadas da lesão são removidas e imediatamente analisadas ao microscópio. Em caso de câncer, o cirurgião continua a remover camadas da lesão até que as células cancerosas sejam removidas. Esse procedimento deixa menos cicatrizes e permite a recuperação rápida do paciente. Além disso pode ser feita em consultório, de forma ambulatorial.
ESTADIAMENTO
O estadiamento é uma forma de classificar a extensão do tumor e se, ou quanto, ele afetou os gânglios linfáticos ou outros órgãos. Para isso, é usada uma combinação de letras e números: T de tumor, N de nódulos (ou gânglios linfáticos) e M de metástase, e números que vão de 0 (sem tumor, ou sem gânglios afetados ou sem metástase) a 4, este último indicando maior acometimento. Como é muito raro que o carcinoma basocelular se espalhe, os médicos só costumam fazer o estadiamento quando o tumor é grande.
Cirurgias simples, simples, como exérese (retirada simples), retirada com congelação ou ainda cirurgia de Mohs, costumam curar completamente os carcinomas basocelulares e os espinocelulares. Em alguns casos de carcinomas espinocelulares, o especialista pode indicar radioterapia ou quimioterapia após a cirurgia, já que eles apresentam um risco levemente maior de se espalharem para outros órgãos. A escolha do tratamento depende do tamanho e do tipo do câncer e de sua localização.
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