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Síndrome de Li-Fraumeni: estudo que envolveu o A.C.Camargo pode mudar o aconselhamento genético da doença de forma marcante

 
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Síndrome de Li-Fraumeni: estudo que envolveu o A.C.Camargo pode mudar o aconselhamento genético da doença de forma marcante

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Pesquisa internacional analisou dois tipos de mutações que estão ligadas à predisposição ao câncer 

A Síndrome de Li-Fraumeni (SLF) é uma doença hereditária de predisposição ao câncer, relacionada a mutações no gene TP53.  

Uma das mutações neste gene, denominada R337H, é encontrada apenas no Brasil, com prevalência mais alta no sul e no sudeste do país.

Quem tem essa mutação R337H apresenta um risco de desenvolver câncer menor que aqueles portadores de SLF que não são brasileiros – algo que leva a comunidade científica a chamá-la de Síndrome de Li-Fraumeni-Like.

“Há pessoas com a mutação R337H que nunca desenvolvem câncer ou o fazem apenas em idade avançada, enquanto outras sofrem com vários tumores ao longo da vida. Curiosamente, essa diferença no risco de desenvolver tumores é observada em indivíduos de uma mesma família. Assim, levantou-se a hipótese de que deveria haver outra alteração genética que ‘molda’ o risco de câncer nos pacientes com a mutação R337H”, explica a Dra. Maria Nirvana da Cruz Formiga, oncologista clínica do Departamento de Oncogenética do A.C.Camargo.

Essa foi a razão do desenvolvimento de um estudo americano, que foi liderado pela pesquisadora brasileira Emilia Modolo Pinto (St.Jude Children’s Research Hospital) e tem a Dra. Maria Nirvana como uma das autoras. O trabalho envolveu instituições brasileiras, americanas, inglesas, francesas e espanholas, e foi intitulado XAF1 as a Modifier of P53 Function and Cancer Susceptibility (XAF1 como Modificador da Função P53 e a Suscetibilidade ao Câncer).


Benefício para os pacientes: tratamentos mais personalizados 

A partir de sequenciamento do genoma de 203 pacientes – 91 deles do A.C.Camargo, pertencentes a 38 famílias – com câncer com a mutação R337H, viu-se que quem tinha também a mutação no gene XAF1 eram pessoas que apresentavam um fenótipo mais agressivo da Síndrome de Li-Fraumeni.

“Isto é, os pacientes precisam reunir as duas mutações para ter um risco de câncer mais alto. Neste caso, esses pacientes provavelmente terão de fazer um rastreamento com exames mais intensivos que os normalmente feitos por quem é portador apenas da mutação R337H”, afirma a Dra. Maria Nirvana. 


Implementação na prática clínica

“Esses achados mudarão o aconselhamento genético da Síndrome de Li-Fraumeni no Brasil de forma marcante”, decreta a médica. 

Afinal, é o primeiro trabalho a descrever esse achado. Ainda assim, mais estudos são necessários para entender melhor o impacto das duas mutações juntas.

“O importante é que, sempre que detectarmos a mutação R337H no gene TP53, pensemos também em verificar a mutação no XAF1. Assim, poderemos entender a dimensão do risco aumentado de câncer e traçar como será o aconselhamento genético, o acompanhamento desses pacientes com os dois genes mutados, TP53 e XAF1”, encerra a Dra. Maria Nirvana.


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