Entenda como a criação de um ecossistema para estudos de fase 1 beneficiou pesquisadores, médicos e pacientes
Entenda como a criação de um ecossistema para estudos de fase 1 beneficiou pesquisadores, médicos e pacientes
Lillian Siu, do Princess Margaret Cancer Centre, conta como foi a experiência na instituição canadense e quais foram as lições aprendidas
Lillian Siu, do Princess Margaret Cancer Centre, conta como foi a experiência na instituição canadense e quais foram as lições aprendidas
A sessão Clinical Trials: When the Science becomes a hope no terceiro dia do congresso Next Frontiers to Cure Cancer 2021, realizado pelo A.C.Camargo Cancer Center, teve a participação da Dra. Lillian Siu, Diretora do Programa de Fase 1 e Co-diretora do Programa de “Drug Development” do Princess Margaret Cancer Centre, o principal hospital de câncer do Canadá.
A especialista abordou as lições aprendidas na construção de um programa de estudos de fase 1 criado na instituição canadense, parceria no A.C.Camargo.
Segundo a Dra. Lilian, o desenho dos estudos de fase 1 está mudando devido a diversos fatores: o conhecimento de biologia celular, que tem avançado rapidamente; a limitação de participantes de pesquisa e da infraestrutura; e a necessidade de desenvolver novas drogas para tratamento do câncer de maneira ágil tem acelerado essas mudanças.
A partir do programa criado na instituição, os benefícios de um ecossistema de estudos de fase 1 são diversos.
Benefícios diretos
- Aumento da atividade científica na instituição, na região e no país.
- Promover o acesso de novas drogas para pacientes com câncer.
- Reforço na infraestrutura necessária.
- Parcerias com empresas farmacêuticas e de biotecnologia.
Benefícios indiretos
- Aumento do interesse para pesquisa básica, translacional e clínica.
- Permitir ao investigador iniciar os estudos ou análises secundárias.
- Promover oportunidades para jovens pesquisadores.
- Facilitar a comunicação e a interação com bases de pacientes interna e externa.
Além da equipe de pesquisa, os pacientes e a comunidade também foram beneficiados com a iniciativa. Foi criado um portal com estudos em andamento para pacientes que queiram se candidatar, atendimento virtual de pacientes e parcerias com oncologistas da comunidade. Também foi colocado um enfermeiro navegador à disposição de pacientes e familiares a fim de educar e orientar sobre os processos de pesquisa.
Dra. Lillian explica que, neste contexto, os elementos importantes e que estão integrados no programa do Princess Margaret Cancer Centre são a ciência, a qualidade, a eficiência, a paixão e as pessoas. “Às vezes, os elementos pessoas, paixão e eficiência não recebem tanta atenção quanto os outros. É preciso focar principalmente nas pessoas. Aqui, nosso programa de estudos de fase 1 integra com outros programas da instituição, criando um elo para que funcionem juntos. As pessoas são tão importantes quanto o aspecto científico”, explica Lilian.
Dr. Helano Freitas, chair da palestra, finalizou a apresentação e abriu os debates comentando sobre o cenário da pesquisa nacional. “No Brasil, tem aumentado o número de estudos de fase 1 nos últimos anos, mas não há centros de pesquisa completamente dedicados ao tema na oncologia. Ainda há barreiras como o tempo para aprovação regulatória dos estudos, que, apesar de ter melhorado nos últimos anos, ainda perdem em agilidade quando comparados aos observados em países como Canadá e EUA. A Dra. Lillian mencionou em sua palestra que, em média, eles demoram de 60 a 90 dias para aprovar o início de um estudo desse tipo. De qualquer forma, é maravilhoso ver como o Princess Margaret Cancer Centre criou esse ecossistema de pesquisa e espero ter mais estudos de fase inicial no Brasil em um futuro próximo”, explica.
Um Cancer Center não é um hospital, é uma plataforma completa de atendimento, incluindo prevenção, investigação, estadiamento, tratamento, cuidados paliativos e reabilitação. Tudo no mesmo local.