Estômago

 

Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), 21.290 brasileiros devem receber diagnóstico de câncer de estômago em 2018, sendo 13.540 homens e 7.750 mulheres. O principal fator de risco para esse tipo de câncer é uma bactéria, a Helicobacter pylori, que infecta metade da população mundial e na maioria dos casos não causa sintomas. Em outras, porém, ela causa úlcera e gastrite. E, em 5% das pessoas contaminadas, ela causa uma inflamação crônica no estômago que, com o tempo, evolui para um câncer. A H. pilory é contraída através de alimentos e bebidas contaminados, às vezes no simples gesto da mãe que come uma colherada da papinha da criança para convencê-la a provar e a alimenta com a mesma colher. Consultas regulares ao médico ajudam a detectar precocemente a presença da bactéria, por meio de exames, e em seu tratamento. 

Geralmente, o câncer de estômago começa na mucosa estomacal, o revestimento interno do órgão. Ele tende a crescer lentamente e passar despercebido e sem sintomas por muitos anos. 

Os sintomas do câncer de estômago costumam ser inespecíficos e parecer um quadro simples de gastrite, o que faz com que muitas pessoas demorem a procurar um médico e só sejam diagnosticadas em estágios mais avançados da doença.

  • Dor de estômago
  • Azia e má digestão
  • Sensação de empachamento mesmo comendo pouco
  • Dificuldade para engolir e refluxo (nos casos de tumores na parte mais alta do estômago)
  • Inchaço no abdome
  • Náusea e vômitos
  • Perda de apetite
  • Diarreia ou prisão de ventre
  • Perda de peso inexplicável

FATORES DE RISCO

Alguns fatores aumentam o risco de desenvolver câncer, mas isso não quer dizer que necessariamente a pessoa vai ter câncer de estômago.

Infecção por Heliobacter pylori: aquela sensação de queimação no estômago merece uma visita ao médico. O consumo constante e indiscriminado de remédios para azia e má digestão pode mascarar essa infecção.

Consumo excessivo de sal: conservas, defumados e carnes salgadas para serem preservadas também estão na lista dos fatores de risco. Os países com maior incidência desse tipo de câncer consomem largamente esses produtos.

Fumo: estudos indicam que fumantes têm o dobro do risco de ter câncer de estômago que os não fumantes. O consumo excessivo de álcool também aparece como fator de risco.

Sexo: a doença é mais comum em homens do que em mulheres.

Idade: o câncer de estômago costuma aparecer em pessoas com mais de 55 anos.

Síndromes familiais de câncer também estão associadas ao aparecimento do câncer de estômago. Portadores de síndrome de Li-Fraumeni, de câncer colorretal não poliposo (HNPCC) e de câncer gástrico familial também correm maior risco de apresentar esse câncer.

endoscopia digestiva alta é o primeiro exame para diagnóstico do câncer de estômago. Nesse procedimento, uma câmera acoplada a um tubo flexível é introduzida pela boca e permite visualizar a lesão e retirar amostras para biópsia.

Também é importante o estadiamento da doença, para saber se é localizada, regional ou metastática. A tomografia computadorizada é o exame por imagem que mostra se a doença está limitada ao estômago, se ela se espalhou para os gânglios linfáticos ou se já atingiu outros órgãos, como fígado, pulmões e peritônio, a membrana que envolve todos os órgãos do abdome. Se isso ocorre, isto é, se o câncer é metastático, o tratamento passa a ser paliativo, sem possibilidade de cura, mas com o objetivo de dar o maior conforto possível ao paciente.

A ecoendoscopia é o exame utilizado nos casos em que a endoscopia não é suficiente para determinar se há ou não comprometimento dos gânglios linfáticos ou se a doença invadiu o tecido muscular do estômago. Já a ressonância magnética fica restrita aos casos em que há dúvidas sobre nódulos no fígado ou alterações na pelve.

ESTADIAMENTO

O estadiamento é uma forma de classificar a extensão do tumor e se ou quanto ele afetou os gânglios linfáticos ou outros órgãos. Para isso é usada uma combinação de letras e números: T de tumor, N, de nódulos (ou gânglios linfáticos) e M de metástase e números que vão de 0 (sem tumor, ou sem gânglios afetados, ou sem metástase) a 4, este último indicando maior acometimento.

O único tratamento curativo do câncer gástrico é a cirurgia. Tumores extremamente precoces podem ser removidos por endoscopia. Os demais pacientes são candidatos a uma gastrectomia (cirurgia para retirada do tumor do estômago), que pode ser total, em que todo o estômago é removido, ou parcial, em que uma parte do órgão é preservada.  

No A.C.Camargo Cancer Center, esse procedimento pode ser feito por cirurgia robótica, que é mais precisa e permite que o paciente se recupere e tenha alta em menos tempo, por laparoscopia ou ainda por cirurgia convencional, aberta. Se o estômago todo precisar ser removido, durante a cirurgia é feita uma conexão do esôfago com o intestino delgado, para que o paciente possa se alimentar. Para se adaptar a essa nova situação, o principal é fracionar a alimentação em várias vezes e pequenas quantidades de cada vez. Também pode ser necessário ingerir suplementos de vitaminas.

O primeiro lugar para onde o câncer de estômago se dissemina são os linfonodos ou gânglios linfáticos e, por isso, é preciso que sejam removidos num procedimento chamado linfadenectomia D2, realizada junto com a gastrectomia. A cirurgia é feita por cirurgiões especializados e com o esquema correto de quimioterapia e/ou radioterapia, entre 60% e 70% dos pacientes com doença localizada ou regional tratados se recuperam. 

É importante destacar que temos resultados excelentes no tratamento do câncer de estômago, comparáveis aos registrados no Japão e na Coreia, países que têm os melhores resultados do mundo.

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