O timo fica na região anterior, isto é, na parte da frente, do mediastino, que é parte do tórax entre os dois pulmões, na frente do coração e atrás do osso esterno. O timo é maior e mais ativo do nascimento até a adolescência, quando começa a diminuir de tamanho e atividade, até que seu tecido é substituído por tecido gorduroso e ele se torna uma espécie de órgão residual. Por isso, cai a produção de linfócitos T na velhice.
Os tumores de timo são raros, mas, entre os tumores do mediastino, é um dos mais frequentes. Então, qualquer massa ou tumor identificado no mediastino anterior é uma suspeita de timoma e deve ser investigada. A maioria é indolente, isto é, tem crescimento lento e assintomática, mas timomas podem ser invasivos e atingir os vasos sanguíneos, a musculatura e outras estruturas do mediastino.
Os sintomas são bastante variáveis e, em muitos casos, o timoma pode ser assintomático. Existe uma manifestação clínica que acontece em cerca de 1/3 dos doentes, que é chamada de miastenia grave. Essa doença é caracterizada por uma fraqueza muscular e geralmente os sintomas iniciais são alterações visuais (a musculatura do olho fica enfraquecida), seguidos de fraqueza progressiva, que pode causar insuficiência respiratória. Isso acontece porque o timoma produz algumas substâncias que atuam na musculatura do organismo, tornando-a mais fraca.
Outros 30% dos pacientes podem apresentar sintomas como tosse, dor no peito, síndrome da veia cava superior (caracterizada por dificuldade para respirar ou falta de ar, tosse e inchaço do rosto, do pescoço, do tronco, dos braços e dor no peito), dificuldade para engolir e rouquidão, se houver comprometimento do nervo da laringe. Os 30% de casos restantes são descobertos por acaso, em radiografias pedidas para investigar miastenia grave.
FATORES DE RISCO
Ainda não se conhecem com precisão quais as causas dos tumores de timo, mas eles estão associados a algumas síndromes. Entre 30% e 40% dos pacientes registram sintomas semelhantes aos de miastenia grave, caracterizada por fraqueza muscular. Outros 5% dos casos ocorrem em pacientes que sofrem de aplasia eritroide pura, dermatomiosite, lúpus eritematoso sistêmico e síndrome de Cushing, entre outras.
Muitas vezes, o timoma é identificado em exames de imagem, como tomografia ou ressonância magnética, quando o médico suspeita desse tipo de tumor. Esses exames avaliam se existe o tumor no mediastino, qual sua extensão e se há comprometimento de alguma outra estrutura, como veias, artérias e nervos. A biópsia é necessária para determinar o tipo do tumor.
ESTADIAMENTO
O estadiamento é uma forma de classificar a extensão do tumor e se, ou quanto, ele afetou os gânglios linfáticos ou outros órgãos e ajuda a equipe médica a escolher a melhor opção de tratamento para cada caso. No caso dos tumores de timo, é usado o Sistema de Estadiamento Masaoka, que avalia a extensão do tumor, se ele é invasivo ou não, se ele se disseminou ou não, e os classifica em quatro estágios.
Estágio I: o timona não é invasivo, ou seja, não se espalhou no interior da cápsula do timo.
Estágio II
Estágio IIA: o tumor se desenvolve no interior da cápsula.
Estágio IIB: o tumor não está apenas na cápsula, mas atingiu os tecidos gordurosos próximos e pode ter alcançado o mediastino.
Estágio III: o tumor atingiu tecidos vizinhos ou órgãos da parte inferior do pescoço ou superior do tórax, incluindo o pericárdio (a membrana que envolve o coração), pulmões ou vasos sanguíneos importantes como veia cava superior e aorta.
Estágio IV
Estágio IVA: o tumor se espalhou por toda a pleura e/ou pericárdio.
Estágio IVB: o tumor atingiu órgãos distantes, como ossos, fígado e pulmões.
Nos casos onde o tumor é bem localizado e restrito, o tratamento principal é cirúrgico, podendo a radioterapia ser utilizada como complementação.
Nos casos em que o tumor é muito grande, a quimioterapia neoadjuvante pode ser empregada para diminuir seu tamanho antes da cirurgia e pode ser usada também em casos mais avançados.