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Próstata

 

Próstata

Somente em 2018, 68.220 brasileiros devem receber diagnóstico de câncer de próstata, o de maior incidência entre homens no Brasil, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. A taxa de mortalidade, porém, vem caindo graças a mais informação, aos exames periódicos que detectam o câncer e em estágios iniciais e a tratamentos mais modernos.

A próstata tem o tamanho de uma noz e contém pequenas glândulas que produzem sêmen. Ela fica abaixo da bexiga e na frente do reto, com a uretra, que transporta a urina, passando através do seu interior. Ela começa a crescer ainda no feto, estimulada pelos hormônios masculinos, e continua a se desenvolver enquanto o menino se torna adulto. Em homens mais velhos, porém, a parte da próstata que envolve a uretra pode continuar a crescer e dar origem à hiperplasia benigna da próstata (HPB), que não é câncer, mas pode obstruir a uretra e causar dificuldade para urinar. Em geral, esses pacientes apresentam redução da força e do calibre do jato da urina e vontade frequente de urinar. A hiperplasia benigna da próstata pode ser tratada com medicações orais ou mesmo com cirurgias endoscópicas. Com isso, a qualidade de vida dos pacientes melhora sensivelmente.

O câncer mais comum da próstata é o adenocarcinoma, que tem origem nessas glândulas produtoras de sêmen. Na maioria das vezes, o câncer de próstata tem desenvolvimento lento e alguns estudos mostram que cerca de 80% dos homens de 80 anos que morreram por outros motivos tinham câncer de próstata e nem eles nem seus médicos desconfiavam. Em alguns casos, porém, ele cresce e se espalha para outros órgãos, podendo ser agressivo. 

Na maioria das vezes, o câncer começa a se desenvolver após os 30 ou 40 anos de idade e lentamente, nas próximas décadas, começam a ocorrer modificações nas células, que passam a ter características pré-malignas, sem causar sintomas. O câncer de próstata costuma se desenvolver lentamente e poucos são os casos de maior agressividade.

Nos estágios iniciais, o câncer de próstata não costuma apresentar sintomas e, por isso mesmo, as visitas anuais ao urologista são tão importantes para a detecção precoce. Dificuldade para urinar pode ser sintoma de câncer, mas também da hiperplasia benigna e só um médico pode fazer o diagnóstico correto.

Uma consulta é necessária quando o homem apresenta alguns dos seguintes sintomas:

  • Urinar pouco de cada vez
  • Urinar com mais frequência, especialmente à noite, quando o paciente se levanta várias vezes da cama para ir ao banheiro
  • Dificuldade para urinar
  • Redução da força ou do calibre do jato urinário
  • Sensação de esvaziamento incompleto da bexiga após urinar
  • Demora para iniciar o ato de urinar
  • Dor ou ardência ao urinar
  • Presença de sangue no sêmen ou na urina
  • Ejaculação dolorosa

FATORES DE RISCO

Vale lembrar que fatores de risco aumentam as chances de desenvolver câncer, mas isso não quer dizer que você vai obrigatoriamente ter câncer de próstata.

Idade: é o fator de risco mais importante. A maioria dos pacientes tem mais de 50 anos e dois terços têm mais de 65 anos. O risco vai aumentando, à medida que o homem envelhece.

Histórico familiar: o risco é maior quando parentes próximos, especialmente pai, irmão, avós, tios ou filho têm ou tiveram câncer de próstata, especialmente se eram jovens na época do diagnóstico.

Alimentação: uma dieta gordurosa, especialmente com gorduras de origem animal, com alto teor de cálcio, pode aumentar o risco e uma alimentação rica em legumes e frutas pode reduzir esse risco.

O diagnóstico precoce do câncer de próstata combina o exame de sangue e o exame de toque retal. O exame de sangue mede os níveis de PSA, sigla em inglês de antígeno prostático específico, e não elimina a necessidade do toque retal, através do qual o urologista pode sentir nódulos ou tecidos endurecidos. Mesmo assim, os dois exames não têm 100% de precisão, e o médico pode pedir outros exames, dependendo da idade e do estado de saúde. Pacientes jovens que têm câncer de próstata não diagnosticado em estágio inicial podem enfrentar dificuldades posteriormente no tratamento, enquanto pacientes idosos, com saúde já comprometida, podem ser apenas acompanhados, já que o câncer costuma ter desenvolvimento lento nessa fase da vida. Os homens devem iniciar a rotina de exames anuais aos 50 anos, mas aqueles que têm casos de câncer de próstata na família e os negros (os negros têm maior incidência desse câncer em comparação aos pacientes brancos ou amarelos) devem começar mais cedo, aos 45 anos.

O PSA é uma substância produzida normalmente pela próstata. Na maioria dos homens, os níveis de PSA estão abaixo dos 4 ng/ml (nanogramas por mililitro), mas, se o nível de PSA está entre 4 ng/ml e 10 ng/ml, há 1 chance em 4 de câncer de próstata. Acima de 10 ng/ml, as chances de ter câncer vão subindo à medida que aumentam os níveis de PSA. No entanto, há homens com PSA abaixo de 4 ng/ml que têm câncer de próstata. Esses valores vêm sendo revistos aos poucos e, hoje, pacientes com PSA acima de 2,0 ng/ml já apresentam riscos de câncer de próstata. Homens com PSA abaixo de 1 ng/ml têm poucas chances de ter esse câncer.

Várias doenças também podem causar aumento de PSA, como hiperplasia benigna, infecções da próstata, infecções urinárias e doenças sexualmente transmissíveis, além de alguns medicamentos e o próprio envelhecimento. Vale lembrar que há casos de pacientes com câncer de próstata, mas com níveis normais de PSA, e alguns tipos de câncer de próstata agressivos que não causam aumento de PSA no sangue. Por isso, o exame de PSA sozinho, sem avaliação clínica do médico, não basta para diagnosticar ou descartar o câncer.

O exame digital retal, ou toque retal, é exame rápido e indolor, com poucos segundos de duração. Através dele, o médico pode identificar alterações suspeitas na glândula, além de estimar o volume do órgão e obter informações que ajudam a escolher o melhor tratamento para cada caso.

É a biópsia que confirma ou não a existência do câncer, muitas vezes guiada por ultrassom via retal. O método mais usado é a punção por agulha, um exame que dura cerca de 15 minutos, sob anestesia ou sedação. O médico também pode pedir uma cintilografia óssea, se suspeitar que o tumor atingiu os ossos, uma tomografia para verificar se o câncer alcançou os gânglios linfáticos da pelve ou ainda uma ressonância magnética para ver se o câncer atingiu as vesículas seminais e a bexiga. A ressonância também é fundamental no planejamento do tratamento.

ESTADIAMENTO

O estadiamento é uma forma de classificar a extensão do tumor e se, ou quanto, ele afetou os gânglios linfáticos ou outros órgãos, o que é fundamental para o planejamento do tratamento, além de levar em conta os níveis de PSA.

O sistema mais usado para estadiamento do câncer de próstata é chamado de escala de Gleason modificada. Nesse sistema, amostras de duas áreas da próstata são analisadas e graduadas em grupos prognósticos de 1 a 5. Quanto menor o valor, mais as células e glândulas das amostras se assemelham a células normais da próstata. Quanto maior o valor, é mais provável que o câncer cresça rapidamente.

O médico faz o estadiamento do câncer de próstata baseado nos resultados do toque retal, do PSA, dos exames de imagem, da escala de Gleason modificada. Os estágios da doença são indicados por algarismos romanos, que vão de zero a IV (4) e quanto maior o número, mais grave a fase da doença.

O câncer de próstata tem grandes chances de cura, especialmente se diagnosticado em seus estágios iniciais. Os pacientes podem ter de escolher entre diferentes tratamentos, cada um com seus benefícios, riscos e efeitos colaterais específicos, como incontinência urinária, impotência sexual e não ejaculação. É preciso ter calma, assimilar bem as informações do médico e tirar todas as dúvidas antes de fazer uma opção. O melhor tratamento para cada caso depende de vários fatores, como idade, estado geral de saúde, os sentimentos em relação aos efeitos colaterais de cada terapia, o estadiamento da doença e a chance de cada tratamento curar o câncer.

Como alguns tipos de câncer de próstata crescem devagar, certos pacientes, que apresentam tumores de baixa agressividade, podem nunca precisar de tratamento, especialmente quando eles são idosos ou têm outros problemas de saúde. Mesmo pacientes jovens, mas com tumores pequenos e pouco agressivos, que desejam preservar suas atividades sexuais e padrões de micção, podem ser acompanhados por meio de consultas regulares, teste de PSA e toque retal regulares e, se necessário, novas biópsias e exames por imagem. Esse procedimento se chama vigilância ativa e, se o crescimento do tumor se acelerar, médico e paciente discutem a forma de tratamento.

As opções mais comuns de tratamento da doença localizada, isto é, que está restrita à próstata e não se espalhou, são a cirurgia e a radioterapia. A cirurgia para retirada da próstata, chamada prostatectomia radical, que pode ser convencional (isto é, realizada a céu aberto), por via videolaparoscópica e por via robótica. Aqui no A.C.Camargo Cancer Center, ela tem sido cada vez mais pelas vias robótica e laparoscópica, que são mais precisas, permitem melhor visualização das estruturas e reduzem sangramentos, permitindo recuperação e alta hospitalar mais rápidas.

Hoje em dia, como a maioria dos tumores é diagnosticada em fases iniciais, há pesquisas no mundo que oferecem técnicas conservadoras de tratamentos desse câncer, com o objetivo de redução de efeitos colaterais. Outra possibilidade é a ressecção transuretral da próstata, usada para aliviar sintomas, como dificuldade para urinar, em homens que não podem fazer outros tipos de cirurgia ou até mesmo nos que sofrem de hiperplasia benigna. Ela não remove todo o câncer.

radioterapia pode ser de fonte externa (tridimensional, de intensidade modulada ou guiada por imagens) ou interna, a chamada braquiterapia, em que sementes radiativas do tamanho de um grão de arroz são colocadas diretamente na próstata.

Pacientes que, por algum motivo, não podem ou não desejam fazer cirurgia e radioterapia têm ainda a possibilidade de recorrer à criocirurgia, que é a introdução de sondas que produzem temperaturas muito baixas e congelam e matam as células do câncer. Esse tratamento é usado em casos em que a doença está restrita à próstata e não se espalhou. Todavia, é pouco disponível na América Latina.

O objetivo da hormonioterapia é baixar os níveis de hormônios masculinos, também chamados de andrógenos, já que eles estimulam o crescimento das células cancerosas. Ela não cura o câncer, mas encolhe o tumor e reduz o seu ritmo de crescimento. A hormonioterapia pode ser usada depois da cirurgia, antes ou depois da radioterapia, principalmente em tumores de maior agressividade, que requerem atenção de equipe multidisciplinar, envolvendo várias especialidades médicas e de outras áreas da saúde.

Nos casos em que cirurgia e radioterapia não são uma boa opção de tratamento, quando o câncer se espalha para outros órgãos, ou ainda quando ele volta depois do tratamento, a hormonioterapia pode ser empregada. Ela também é usada para aliviar sintomas.

Vários métodos são usados na hormonioterapia, entre eles a orquiectomia, que é a castração cirúrgica, ou seja, a remoção do tecido central dos testículos, que produz hormônio masculino, a testosterona. O procedimento é simples, mas é permanente e causa perda do desejo sexual, o que explica a relutância de muitos pacientes em aceitá-la. Além disso, ela tem efeitos colaterais, como ondas de calor, crescimento das mamas, osteoporose, perda de massa muscular, anemia, cansaço, baixos níveis de colesterol bom, depressão e aumento do peso. Vários deles têm tratamento. Há ainda a castração química, chamada de terapia com análogos ou agonistas de LHRH, que são injeções de drogas que reduzem os níveis de hormônios como na orquiectomia, administradas mensalmente ou a cada três ou seis meses. Muitos homens preferem essa terapia à castração cirúrgica, mas os efeitos colaterais são os mesmos.

Antiandrogênicos são drogas que bloqueiam a capacidade do corpo de usar os hormônios masculinos, que, mesmo após a remoção dos testículos ou durante o tratamento com análogos LHRH, as glândulas adrenais (ou suprarrenais) continuam a produzir em pequena quantidade. Antiandrogênicos podem ser usados com a orquiectomia ou análogos de LHRH para bloquear os hormônios masculinos.

Na maioria dos casos, a terapia hormonal controla a doença temporariamente. Após alguns meses ou anos, a doença pode progredir, mesmo durante a hormonioterapia. Atualmente, há novos antiandrógenos mais potentes, empregados nessa fase de resistência. A quimioterapia pode ser usada em pacientes com câncer avançado, quando o câncer se disseminou e não responde mais à hormonioterapia. Ela não cura o câncer, mas reduz o ritmo de crescimento do tumor, a dor e pode prolongar a vida.

REABILITAÇÃO

Atualmente, muitos pacientes apresentam boa evolução após o tratamento do câncer de próstata e há vários tratamentos disponíveis para recuperação das funções sexuais, como medicação oral, terapia injetável intracavernosa, vacuoterapia ou implante de prótese peniana. Esse processo de recuperação é de longo prazo, podendo levar 18 meses ou mais.

Para a recuperação da continência urinária, o tempo é importante, já que a maioria dos pacientes se recupera em um prazo que varia de três a seis meses. Exercícios perianais e fisioterapia ajudam bastante na recuperação e, nos casos mais complexos, é possível fazer o implante de faixas ou esfíncteres artificiais.

Homens que desejam ser pais precisam estocar seu sêmen, antes do início do tratamento, em bancos de esperma.

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