Radioterapia feita durante a cirurgia pode evitar volta de tumores digestivos e ginecológicos
Radioterapia feita durante a cirurgia pode evitar volta de tumores digestivos e ginecológicos
Destacado em periódico internacional, estudo identificou que o procedimento garantiu sobrevida a pacientes
Pessoas cujos tumores retornaram após a realização de um tratamento costumam apresentar limitações para se submeterem a novas terapias. Uma forma de virar esse jogo, de acordo com um estudo realizado no A.C.Camargo Cancer Center, é a radioterapia intraoperatória – feita durante o procedimento cirúrgico, depois que o tumor foi retirado.
Publicado no periódico Radiation Oncology, o estudo Intraoperative Radiation Therapy for the Treatment of Recurrent Retroperitoneal and Pelvic Tumors: a Single-Institution Analysis (Radioterapia no Intraoperatório para Tratamento de Tumores Retroperitoneais e Pélvicos Recorrentes: Análise de Instituição Única) acompanhou os casos de 41 pacientes do A.C.Camargo ao longo de 11 anos, entre 2004 e 2015. Pessoas acometidas por tumores no trato digestivo (pâncreas, cólon, reto), trato ginecológico (colo do útero, endométrio) e por sarcomas (músculos, tendões, gordura).
Tais pacientes não tinham metástases e apresentaram o retorno da doença em um único local, na região pélvica ou retroperitoneal, que é a parte posterior do abdome.
“A radioterapia intraoperatória foi feita em uma única aplicação, logo após a retirada do tumor, na região do retorno, visando evitar outra recidiva”, explica um dos autores do estudo, o doutor Tharcisio Machado Coelho, do Departamento de Radioterapia do A.C.Camargo. “Alguns pacientes também realizaram outras técnicas de radioterapia após a recuperação da cirurgia”, complementa o especialista.
O controle do tumor
Essa técnica influenciou significativamente o tempo de vida dos pacientes. “Após oito anos com esse procedimento, alcançamos 50% de controle local da doença. O sucesso na retirada de todo tumor, antes da radioterapia intraoperatória, relaciona-se com um melhor controle local da doença”, afirma Tharcisio.
Esses procedimentos somente são possíveis porque o A.C.Camargo conta com um centro cirúrgico dentro do Departamento de Radioterapia, próximo à sala do acelerador linear, o grande diferencial do cancer center.
“Isso viabiliza a retirada do tumor e a realização da radioterapia concomitantemente. Essa estrutura associada à expertise de uma equipe multidisciplinar experiente e atualizada torna viável o tratamento para esses tumores recidivados”, celebra Tharcisio.
Um Cancer Center não é um hospital, é uma plataforma completa de atendimento, incluindo prevenção, investigação, estadiamento, tratamento, cuidados paliativos e reabilitação. Tudo no mesmo local.