Atualização de seguimento de conduta terapêutica com base na assinatura genética mammaprint
Atualização de seguimento de conduta terapêutica com base na assinatura genética mammaprint
Por Solange Sanches, oncologista clínica e vice-coordenadora do Centro de Referência em Tumores da Mama
Existem esforços muito grandes em reduzir a indicação de quimioterapia para pacientes com câncer de mama receptor hormonal positivo precoce estadio clínico I e II ou aquelas mulheres que têm até três linfonodos comprometidos na axila.
Para isso, é utilizada uma ferramenta chamada de assinatura genética. Existe uma assinatura de 70 genes, chamada mammaprint, que já demonstrou conseguir separar essas mulheres em dois subgrupos de pacientes: aquelas com baixo risco de recidiva e alto risco de recidiva.
Existe um estudo mostrando que as mulheres com baixo risco de recidiva poderiam ser poupadas da quimioterapia, o que nos deixava mais tranquilos em não oferecer quimioterapia para as mulheres que, nessa assinatura genética, tinham um baixo risco se tivessem até três linfonodos comprometidos.
Quando não tem a assinatura genética para decidir o tratamento, usamos o risco clínico. Alguns fatores podem determinar se esse tumor tem um risco alto ou baixo. São eles: o tamanho do tumor, o grau histológico, que é visto num microscópio, e o comprometimento ou não da axila.
Então, nessas pacientes, se a gente fizesse o mammaprint, elas poderiam concordar no risco clínico e no risco genômico. Por exemplo: se ela tem um risco clínico baixo e genômico baixo, com certeza não é preciso fazer quimioterapia, somente a terapia hormonal, que é muito menos tóxica e terá o mesmo efeito para essa paciente; se ela tem um risco clínico alto e genômico alto, no estudo, já foi direto para quimioterapia sem que se fizesse comparação para essas mulheres.
Também temos aquelas mulheres que chamamos de discordantes, com risco clínico alto e genômico baixo e vice-versa. Então, no congresso foram mostradas as pacientes que tinham risco clínico alto e genômico baixo e como elas se comportaram.
No grupo como um todo, o risco clínico alto e genômico baixo poderia ser poupado de quimioterapia. Dessas mulheres, 90% delas já tinham mais de cinco anos de seguimento e cerca de70% tinham mais de oito anos de seguimento. Para essas pacientes, a diferença não foi significativa.
No grupo com oito anos de acompanhamento, notou-se que, para mulheres maiores de 50 anos, a diferença entre fazer ou não a quimioterapia acaba sendo pequena. Mas, para aquelas pacientes pré-menopausadas, pode ter até 5% de diferença em oito anos.
Então, a mudança é que, para as mulheres pós-menopausadas, para um mammaprint de baixo ou alto risco, independentemente do risco clínico, pode-se deixar a paciente sem quimioterapia, sem prejuízo para ela. Já a paciente pré-menopausada que tem um risco clínico alto com um mammaprint de baixo risco, é preciso discutir a conduta, pois esta paciente pode ter uma diferença favoreça a quimioterapia.
Se a paciente é pre-menopausada, tem um risco clínico alto e um genômico baixo, a diferença é bem menor, em torno de 2,6%. Então, é preciso discutir com a paciente entre fazer a quimioterapia para um risco de 2,6% ou só intensificar a hormonioterapia.
Porém, o principal ponto para as pré-menopausadas é que, se apresentarem um risco clínico baixo e genômico alto, é preciso pensar em fazer a quimioterapia.
A assinatura genética mammaprint é mais um dos fatores que levamos em conta para decidir o tratamento, assim como o risco clínico e a idade, bastante importantes para essas mulheres.
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